sexta-feira, 17 de julho de 2015

MISTÉRIO

MISTÉRIO
Conceito: É algo secreto, escondido, de significado ou causa oculta; um fenômeno que ocorre e não se tem conhecimento de quais as causas; algo que não se pode explicar. Do grego, mystérion, coisa secreta, tem relação com a ação de calar a boca; o verbo é mýein, fechar, se fechar, calar, mýstes, que se fecha, o que guarda segredo, o iniciado.
Sinônimos: Secreto, oculto, vago, confuso, enigmático, incompreensível, escondido,     segredo,      preservação,     resguardado, velado, desconhecido, só percebe-se os efeitos, impreciso. 
 Precedentes: Os mistérios pagãos, os mistérios eleusinos, órficos ou dionisíacos constituíram-se em uma significação tardia da palavra mistério que vem das escolas neo-pitagóricas e neo-platônicas. Na origem, o termo mistério designa uma práxis, uma ação, gestos e atos pelos quais uma ação divina se mostra e se realiza no mundo para a salvação do homem que participa de tal mistério. Neste contexto: De qualquer modo, pelo simples fato de que um ato se cumpra, pelo simples fato de uma palavra ser dita, de um gesto ser cumprido, o efeito se produz absolutamente, sem falta. O mistério litúrgico é o mistério da operatividade, de uma eficácia radical. Uma ação absolutamente eficaz sem relação com as condições que habitualmente garantem a eficácia de uma ação humana.
Os Mistérios de  Elêusis: Eram ritos de iniciação ao culto das deusas agrícolas Deméter e Perséfone, que se celebravam em Elêusis, localidade próxima de Atenas. Eram considerados os de maior importância entre todos os que se celebravam na antiguidade. Estes mitos e mistérios se transferiram ao Império Romano e sinais dele podem ser notados em práticas iniciáticas modernas. Os ritos e crenças eram guardados em segredo, só transmitidos a novos iniciados. Deméter e sua filha, Perséfone, presidiam aos pequenos e aos grandes mistérios. Os mistérios eleusinos celebravam o regresso de Perséfone,  que era também o regresso das plantas e da vida à terra, depois do inverno. As sementes que ela trazia significavam o renascimento de toda a vida vegetal na primavera. Se o povo reverenciava em Deméter a terra-mãe e a deusa da agricultura, os iniciados viam nela a luz celeste, mãe das almas e a Inteligência Divina, mãe dos deuses cosmogônicos. Os sacerdotes de Elêusis ensinaram a grande doutrina esotérica que lhes veio do Egito. O ritual dos Mistérios de Elêusis encontrava expressão na lenda da deusa Deméter e sua filha Perséfone, raptada por Hades (Plutão), rei do Mundo Inferior, quando colhia flores com suas amigas, as Oceânides, no vale de Nisa. Deméter, ao tomar conhecimento do rapto, ficou tão amargurada que deixou de cuidar das plantações dos homens aos quais havia ensinado a agricultura. Os homens morriam de fome, até que Zeus (Júpiter), que havia permitido a seu irmão Hades raptar Perséfone, resolveu encontrar uma forma de reparar o mal cometido. Decidiu, então, que Perséfone deveria voltar à Terra durante seis meses para visitar sua mãe e outros seis meses passaria com Hades.
O mito simboliza o lançar sementes à terra e o brotar de novas colheitas, uma espécie de morte e ressurreição. No seu sentido íntimo, é a representação simbólica da história da alma, de sua descida na matéria, de seus sofrimentos nas trevas do esquecimento e depois sua re-ascensão e volta à vida divina.
O mito de Elêusis ainda se encontra vivo hoje nas diversas escolas Iniciáticas que ainda persistem: É a Doutrina da vida Universal, que se encerra no simbólico grão de trigo de Elêusis, que deve morrer e ser sepultado nas entranhas da terra, para que possa renascer como planta, à luz do dia, depois de abrir caminho através da escuridão em que germina.
O que era o culto grego secreto, os Mistérios de Elêusis, ninguém sabe ao certo os detalhes. Os Mistérios de Elêusis eram o mais famoso ritual religioso secreto da Grécia antiga, realizado entre os séculos 6 a.C. e 4 d.C. Tudo o que ocorria nos Mistérios sempre foi cercado de segredo - os participantes que revelassem algo podiam até ser condenados à morte. Os Mistérios de Elêusis eram cerimônias de iniciação, com algum ritual pessoal a ser executado pelo novo participante. O culto era complexo, desenvolvido em vários dias.
A inspiração para os Mistérios de Elêusis está num mito do poema Hino a Deméter, atribuído ao poeta grego Homero. Em sua jornada, Deméter teria ido a Elêusis, cidade a 23 quilômetros de Atenas, onde se tornou amiga da família que governava o local, que construiu para ela um templo, onde a deusa passou a morar. Quando Deméter, afinal, recuperou a filha, as colheitas voltaram mas, como parte de um acordo entre os deuses, Perséfone seria obrigada a ficar um terço de cada ano ao lado do marido, Hades, sob a terra. Esse mito simbolizava os períodos da agricultura grega.
Os quatro meses que Perséfone passava no reino subterrâneo de Hades representavam o período improdutivo, logo após a colheita e no ápice do verão; o retorno dela marcava o renascimento trazido pelas chuvas de outono, que permitiam à semeadura da próxima safra. Não havia restrições para quem quisesse participar dos rituais, que reuniam até 3 mil pessoas. Qualquer um que falasse grego, incluindo mulheres e escravos, podia ir no culto. A cerimônia entrou em declínio quando as cidades gregas estavam sob o domínio do Império Romano e o imperador Constantino passou a promover o Cristianismo, no início do século 4. As religiões pagãs foram proibidas e seus templos destruídos. No ano 395, quando os romanos já tinham dificuldades de conter as invasões bárbaras, povos germânicos destruíram Elêusis.
Ritual tinha procissão, encenações e  efeitos especiais
1 - O culto era em meados de setembro e a preparação incluía sacrifícios de animais e dias de jejum para os candidatos a iniciados, os mystai. O dia da cerimônia começava com uma procissão que partia de Atenas, ao amanhecer, com destino a Elêusis. Com ramos de murta (um arbusto) nas mãos, os mystai caminhavam como se seguissem os passos da deusa Deméter em busca da filha Perséfone. Sacerdotisas carregavam objetos sagrados dentro de cestas sobre a cabeça.
2 - Ao cruzar o rio Kephisos, os mystai assistiam a encenações em que uma mulher, ou um homem em trajes femininos, representava Baubo, ser que simbolizava o divertimento. Segundo a mitologia grega, Deméter, triste pela perda da filha, só teria conseguido sorrir quando Baubo contou-lhe piadas e fez gestos maliciosos.

3 - Em um trecho mais adiante da procissão, os mystai tomavam uma bebida supostamente alucinógena feita para a cerimônia. Sob o efeito desse misterioso líquido, eles carregavam uma estátua de Dioniso - deus grego da fertilidade, do vinho e da embriaguez - e invocavam o nome dele. Ao passarem por um segundo curso d’água, o riacho Rheitoi, os mystai eram reconhecidos como iniciados após repetirem algumas frases que descreviam todo o ritual dos Mistérios.
4 - Ao anoitecer, a procissão chegava a Elêusis para uma cerimônia num templo chamado Telesterion. A fase final e mais secreta do ritual. Era comandada por um sacerdote, o Hierofante. A celebração misturava efeitos especiais, como luzes misteriosas, com a exibição de falos - representações do símbolo da fecundidade da natureza. E dramatização de cenas do Hino a Deméter.
“Não existe causa sem efeito; não existe ação sem reação e não existe agora sem depois. (EM).”




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