quarta-feira, 8 de maio de 2013

EIKE BATISTA


EIKE BATISTA
E-mail: ernidiomigliorini@gmail.com

O sonho de Eike Batista: tornar-se o homem mais rico do mundo. O empresário Eike Batista narrou a própria trajetória no mundo dos negócios e deu a sua receita para o sucesso. Eike o homem mais rico do Brasil e o oitavo do mundo, com uma fortuna pessoal estimada em US$ 30 bilhões (cerca de R$ 60 bilhões ao câmbio atual),  exalta a própria capacidade de transformar projetos em ouro e sua facilidade para captar bilhões no mercado financeiro. Fracassou em uma fábrica de jipes e uma empresa de encomendas expressas. “Uma convicção se forjou em mim desde muito cedo: você cresce com as dificuldades. Ou ‘estresses’, como prefiro chamar”, diz Eike. “O estresse separa os homens dos meninos.”
No momento, as coisas começaram a desandar para Eike, no maior teste para sua capacidade de crescer na adversidade. Seu império bilionário, erguido velozmente em sete anos, começou a desmoronar em ritmo ainda mais rápido.
Ele formou um dos maiores grupos empresariais do Brasil, com projetos bilionários em áreas-chaves da economia, como petróleo, energia, logística, construção naval e portos. Desde já, porém, pode-se dizer que o Eike que sobreviverá deverá ser uma fração daquele que parecia ter conquistado o máximo dos negócios. “Eike nunca mais voltará ao patamar em que estava”.
Eike Batista cai 93 posições no ranking de mais ricos da Forbes. As dificuldades de Eike têm repercutido negativamente no exterior, onde muitos investidores haviam apostado em seu sucesso comprando papéis emitidos pelas empresas do grupo. Os principais veículos de economia e negócios, que antes exaltavam Eike, noticiaram em reportagens recentes os problemas que ele enfrenta. “Para Eike Batista, a realidade chegou”. No início de abril, uma reportagem da revista Forbes dizia que “Eike Batista está se tornando rapidamente o pobre menino rico do Brasil”. Comentário de um investidor: ‘Me arruma um brasileiro sério, em quem eu possa confiar, que eu invisto agora’.
Em 2012, Eike foi, o maior perdedor no ranking dos maiores bilionários globais. Passou de 7º para 100º lugar na lista da revista americana Forbes. Em um ano, a sua fortuna pessoal diminuiu em dois terços. Passou de US$ 30 bilhões para US$ 10,6 bilhões,  uma perda equivalente a US$ 53 milhões por dia ou US$ 2,2 milhões por hora. Trata-se de um golpe duro para quem costumava alardear. As principais empresas do grupo EBX, que Eike controla, tiveram prejuízo em 2012. O prejuízo total R$ 2,5 bilhões. Só a OGX, do setor de petróleo, perdeu R$ 1,1 bilhão. Na BM&F Bovespa, o valor de mercado dos maiores empreendimentos de Eike caiu, de R$ 54,7 bilhões, na data de lançamento das ações, para R$ 16 bilhões.
Todas as empresas de Eike têm, na sigla do nome, a letra X, o símbolo da multiplicação.
As razões da queda?
Um dos mais promissores e ousados empreendedores brasileiros, alguém capaz de encantar Wall Street, de uma hora para outra, depender da ajuda do governo para não quebrar. Para entender as razões da queda de Eike, é preciso penetrar nos detalhes da complexa estrutura empresarial que ele construiu em torno da letra X. O sonho de Eike foi projetado em torno de ideais de utopia. Identificados pelas siglas OGX, OSX, LLX, MMX, MPX e CCX. No centro, a petrolífera OGX, anunciada como uma nova Petrobrás.
A maior falha de Eike foi não entregar o que prometera em seus projetos, em especial no caso da OGX. Ela chegou a representar três quartos do grupo em valor de mercado, em 2011. Hoje, representa um terço. Dos 30 blocos exploratórios de petróleo que a OGX detém, só três estão em funcionamento e com produção limitada. A promessa era, já em 2011, extrair por dia 20 mil barris de petróleo, em apenas um poço em operação. Em março passado, a OGX produziu 15.100 barris por dia nos três poços que opera, 25% abaixo da meta. Não há, de acordo com os analistas, perspectiva de aumento até 2014. A própria empresa informa que seriam necessários 70 mil barris por dia para o balanço sair do vermelho.
O Grupo de Eike viveu o auge no lançamento de ações da petrolífera OGX na BM&F Bovespa, em junho de 2008. O momento favorável do mercado facilitou o maior lançamento de ações da história da Bolsa. De acordo com um ex-executivo do grupo X, Eike deveria ter se concentrado no aumento da produção dos primeiros poços; pois gastou a maior parte do dinheiro captado de bancos e investidores para furar novos poços. O objetivo era passar ao mercado a percepção de que encontrara mais petróleo e, assim, captar mais recursos para financiar sua expansão.

A produção em baixa velocidade afetou os empreendimentos em torno da OGX. A missão da OSX, um estaleiro, é fornecer navios para transportar o petróleo da OGX, nas palavras de Eike, uma “Embraer dos mares”. o desempenho da OGX afetou também a LLX, uma empresa de logística responsável pela construção do Porto de Açu, no Rio de Janeiro, criado para atender principalmente os petroleiros da OSX. Contaminou  as outras três companhias de Eike com ações negociadas na Bolsa: a MMX, do setor de mineração, a MPX, de energia, e a CCX, cujo principal ativo é uma mina de carvão na Colômbia.
Como um bom vendedor, Eike embalou bem os projetos que apresentou aos investidores, com a promessa de gerar resultados em prazos relativamente curtos. No decorrer do tempo percebeu-se que ele não cumpriria suas metas. Com isso, a credibilidade de Eike, conquistada em negócios anteriores na área de mineração ficou seriamente questionada. Subitamente, as portas se fecharam para ele. O caixa abastecido pelo dinheiro farto dos bancos e do mercado de capitais, começou a ficar escasso para tocar os projetos e honrar as dívidas de suas empresas, sem o ingresso das receitas planejadas. Eike foi tão bom vendedor de seus projetos e sonhos que ele mesmo acreditou-se insuperável. Dá sensação de que ele juntou o egocentrismo e megalomania ficou tão grande que se achou invencível.
De repente, o que antes era dito por Eike como virtude quando as coisas iam bem, pela   interdependência dos projetos da OGX, OSX e LLX as coisas começaram a ir mal. Eike sabia tudo de mineração, mas quase nada de petróleo e gás quando decidiu investir no setor. Projetos que encantaram os investidores tinham problemas. A construção do Porto de Açu foi iniciada sem os estudos geológicos necessários. Isto obrigou a LLX, responsável pelo empreendimento, a instalar estacas mais profundas do que se previa inicialmente, em razão do terreno arenoso, aumentando os custos. O minério de ferro da MMX tem baixa qualidade e exige muita água para ser limpo resultando mais custos de produção.
Eike está envolvido na exploração de ouro, por meio da AUX, e na produção de chips, por meio da SIX Semicondutores, cuja fábrica fica em Ribeirão das Neves, Minas Gerais. É proprietário de um restaurante de comida chinesa e do Hotel Glória, no Rio, Tornou-se sócio do empresário Rubem Medina no Rock in Rio, por meio de sua empresa de entretenimento, a IMX. Criou  o próprio time de vôlei, o RJX, com jogadores de seleção brasileira. Pretende implementar um projeto urbanístico  incluindo um prédio na Marina da Glória.
Uma intensa rotatividade de executivos, pouco usual em empresas de grande porte, ampliou as dúvidas sobre a habilidade de Eike para Gerir os negócios e manter os talentos necessários ao seu desenvolvimento. Desde 2010, Eike trocou em suas empresas  31 altos executivos, entre eles nove presidentes. Seduzidos pelas promessas de bônus generosos, boa parte em ações, muitos saíram quando Eike os convidou a aplicar parte do que haviam recebido nas próprias empresas, cujos papéis estavam em queda.
Longe das Metas!
A sonda Ocean Lexington, arrendada pela OGX, em operação num dos poços da empresa, na Bacia de Campos, Rio de Janeiro; com a produção abaixo das expectativas dos investidores gerou uma onda de desconfiança em Eike e em seus negócios. A maior e mais conflituosa perda de Eike foi o engenheiro Rodolfo Landim. Com Eike, liderou as operações bem-sucedidas de lançamento das ações de cinco empresas do grupo X na Bolsa:  MMX, MPX, LLX, OGX e OSX. Segundo Landim, a MMX, a primeira a abrir o capital, valia R$ 600 milhões quando ele chegou; quando saiu, o grupo se multiplicara e se diversificara e então valia R$ 82,4 bilhões.

Landim disputa com Eike uma ação na Justiça de R$ 500 milhões sobre a holding pessoal de Eike, a Centennial Asset Mining Fund, com sede no Estado americano de Nevada, que controla grande parte de suas ações nas empresas do grupo X. Depois de 50 dias trabalhando como vice-presidente da EBX, a holding do grupo, disse que Eike escuta bem menos as opiniões de seu pessoal do que diz,   “O Eike é um cara complicado”, diz Landim. “Ele gosta que as pessoas o elogiem o tempo todo.”
Eike tem boas relações em várias esferas do governo e com políticos é um dos principais doadores de recursos para as campanhas eleitorais.
 O Porto de Açu e um empreendimento que ainda não atraiu investimento suficiente para torná-lo sustentável sem os embarques de petróleo da OGX previstos no projeto.
Consórcio de empresas de Eike Batista oferece R$ 180 milhões pelo Maracanã.

A Petrobras é candidata a tomar parte no socorro ao grupo X. Em Açu, poderá usar o porto de Eike como base de petroleiros. Poderá encomendar navios e plataformas à OSX. A Petrobras tem óleo, mas não tem equipamentos suficientes para fazer a extração. O BNDES anunciou um crédito suplementar de quase R$ 1 bilhão para a mineradora MMX. O grupo de Eike poderá se tornar cada vez mais dependente das benesses oficiais.
A operação salvamento de Eike aponta para o BTG Pactual e outros abaixo citados. Os preços das ações da OGX caíram cerca de 40%. O impacto da crise: Eike é hoje lembrado mais por suas dívidas que por sua fortuna, mais pelas dificuldades de seus negócios que por suas conquistas. O BNDES emprestou R$ 10 bilhões ao grupo. No total, incluindo os repasses do BNDES, os bancos comerciais têm cerca de R$ 16 bilhões emprestados às empresas de Eike. R$ 3 bilhões foram concedidos à EBX, holding do grupo, pelo Itaú Unibanco e pelo Bradesco. Ainda de US$ 3,6 bilhões (R$ 7,2 bilhões) em papéis emitidos pela petrolífera OGX no exterior e vendidos a investidores privados. As dívidas do grupo,   gira em torno de R$ 25 bilhões e R$ 27 bilhões captados no mercado acionário. A Moody’s, uma das maiores empresa de classificação de risco, anunciou o rebaixamento da avaliação da OGX.

Para contornar essa situação dramática, o BTG sabe que é preciso, resgatar a confiança dos investidores. Na visão do banco, MMX, MPX e CCX, além da AUX, são projetos que funcionam de forma relativamente independente. O grande problema são as empresas que começam com O, que dependem de óleo.
O grupo X precisa gerar caixa rápido; renegociação das dívidas; redução do ritmo; a paralisação de projetos e a venda de participações e de ativos.

O que Eike detém no capital das empresas do grupo X deverá diminuir para 20% ou 30% e ele Eike, deverá continuar no Conselho de Administração das empresas, só coletando dividendos se as empresas gerem lucro. Qualquer que seja o seu futuro, a sua trará lições para as novas gerações. Se conseguir se recuperar, poderá se tornar um exemplo de como é possível aprender na adversidade.
“Idealizar sem utopia. Ousar, para alcançar superação sob a égide da factibilidade. (EM).”






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