segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

A TORÁ NA CONCEPÇÃO JUDAICA


A TORÁ NA CONCEPÇÃO JUDAICA
Não convém julgar e nem comparar os personagens bíblicos, com a realidade contemporânea; baseados apenas e aspectos exteriores.
Na humanidade, bilhões de reproduções da matriz “ADÃO”, entretanto, nenhum igual ao original; a despeito das mesmas leis biológicas e genéticas. Cada individuo é único e especial. O mesmo molde, mas nenhuma semelhança entre si.
Unicidade, individualidade e face distinta. Tudo à força da consciência, não dos instintos. Adão foi refém da sua própria imaginação e cedeu aos impulsos e instintos.
Caim sucumbe à inveja, a mãe da maioria dos males e origina a auto-justificativa. O pecado estava próximo; mas sempre pode ser evitado. O livre-arbítrio é uma esquiva da responsabilidade.
Apenas Deus tem as soluções para os mistérios.
Há uma relação intrínseca entre os atos do homem e a sua sobrevivência no ecossistema, cujo destino está dependendo do homem.
Conseguiam revelar o significado do sonho aos sonhadores: Faraó e Nabucodonosor, mas não conseguiam espantar a angústia que deles se apoderou.
No Egito um isolamento espiritual necessário, o antissemitismo, que acabasse tornando a força criadora e formadora da identidade judaica.
Jacó sentia que deveria realizar algo de concreto em prol do futuro espiritual de seus descendentes. Não aceitava nenhum tipo de rendição espiritual. Não queria ser um símbolo sagrado, através da sua sepultura no Egito.
José foi o primeiro judeu a ocupar o Cargo de Ministro do Planejamento no mundo: percorreu o país, estocou alimentos, construindo silos ao lado de cada cidade,fez distribuição equitativa dos alimentos, combinou doutrina econômica com valores morais, empregou o principio: “Quem compra economiza; quem ganha desperdiça.” Não cometia favorecimento pessoal e nem familiar, o que era exigido do povo egípcio também se lhe era auto imposto e aos seus.
Moisés temia pelo destino do seu povo, ante a versão egípcia: “solução final para o problema judeu.” A sua qualidade de condoer-se com o sofrimento do seu povo; deve ter sido considerada por Deus, para atribuir-lhe a missão de Libertador do povo. A sarça ardente tem vários significados. Ali o fogo agia contrariando a sua própria natureza e essência. A lei do fogo é consumir os objetos. A sarça significava o sofrimento do povo, mas não seria destruído pelos egípcios. As leis da natureza são relativas; as leis da história não são inexoráveis, tudo está sob o controle exclusivo do Criador do Universo. A sarça tem os seus espinhos voltados para baixo, ao tentar arrancá-la os seus espinhos penetram na mão impedindo que isto aconteça. Representando a essência transcendental do povo judeu.
O povo ao sair do Egito não demonstrava fé, queria apenas uma libertação imediata, não atentavam para uma redenção completa. Moisés devia aceita-los e continuar a sua missão de libertá-los. Das dez pragas do Egito, três foram lançadas por Arão e sete por Moisés. As três que Moisés não lançou: a das águas, porque elas salvaram Moisés ao nascer. A dos piolhos porque a Terra ajudou Moisés quando matou o egípcio.A das rãs para não praticar ingratidão sobre o Rio Nilo.
As virtudes humanas são produto do sentimento. Devemos ser gratos aos objetos inanimados que nos proporcionam algum bem, com isto o sentimento é abonado. A recíproca é imediata, os sentimentos são gratos ao bem que se lhes faz. A gratidão é nobre, refinante e poderosa. Quem atinge um objeto que lhe beneficiou, atinge a si próprio.
Um grande evento deve ser analisado pelos seus detalhes, não pelos seus grandes acontecimentos. A grande resposta do seu significado tem o seu acesso restrito às mentes iluminadas, com destaque para a prática da virtude da gratidão.
As leis da natureza não tem poder absoluto sobre o homem e seu destino e nem sobre o mundo em si. O homem determina o seu futuro de acordo com o seu procedimento moral. Para lembrar-se disto foi estabelecida como começo de todos os meses a lua nova.
As provas a que o povo de Israel foi submetido no deserto tinham por objetivo exercitá-los para a guarda dos mandamentos. A necessidade de que o homem seja exercitado constantemente lhe traz benefícios. Posto à prova, o homem descobre a discrepância entre a sua fé e o seu comportamento.
Os dez mandamentos: o primeiro e o último são conceituais. Os outros oito são práticos, versam sobre o que deve ser feito e o que não se deve fazer. Os dez mandamentos foram gravados em dois blocos de pedra: no primeiro as relações do homem com Deus; no segundo as relações dos homens entre si. A escrita dos dez mandamentos empregou 620 (seiscentas e vinte letras). Contém todos os 613 mandamentos da Torá e mais os 7 acrescentados por sábios inspirados na Torá. Não é admissível a existência de uma Divindade Adicional; como não cabe exigir uma causa à primeira causa. É proibido ao homem adorar imagens, que não passam de fruto das suas mãos. Não há como se atribuir valor absoluto a qualquer obra ou pensamento humano.
A verdade absoluta é a verdade pura; não maculada por qualquer tentativa de induzir a conclusões incorretas.  As regras válidas para um julgamento são válidas para todas as pessoas. O Juiz não pode dispor senão do que os seus olhos vêem. De acordo com duas testemunhas será dado e veredicto. O Juiz não deve ouvir uma das partes antes que a outra chegue. Os sentimentos do homem influenciam os seus pensamentos, suas decisões e a sua capacidade de julgamento. O homem é dirigido pelas suas ações, pensamentos e intenções.
O verdadeiro santuário de um Judeu encontrava-se no seu coração, em sua casa, na sociedade que deveria construir. Para ensinar que o Espírito Divino habita no coração de cada um. O Tabernáculo e os dois templos foram construídos em conformidade absoluta com a Vontade de Deus. Foram destruídos porque Deus condicionou a sua existência à obediência dos seus mandamentos.
O ouro puro simboliza o fundamento moral puro, sólido e estável que deve influenciar a existência humana. Sobre a economia hebraica para a limitação moral. O bem estar material deve estar colocado em bases puras, como o ouro puro. O pão para o santuário com a sua forma, simboliza a verdadeira fraternidade judaica. As vestes para o sacerdócio são descritas detalhadamente. Este zelo pela aparência visa criar uma influência espiritual positiva. A roupa faz o homem e as vestes fazem o sacerdote.
Deus colocou o homem no centro do Universo e entregou-lhe ao seu domínio, para proveito próprio. O homem pode inventar tudo, mas a roupa não inventou. Deus criou, como uma segunda pele. Segundo A concepção judaica a roupa transforma o homem em um sacerdote do templo do mundo, para através da moral refinar a sua existência. A atividade é realidade, a inatividade é a ausência de realidade.
Construir o Tabernáculo, mas guardar o sábado durante e depois da sua construção. O sábado não é mero dia de descanso. O sábado é um santuário no tempo. O Tabernáculo é um santuário no espaço. O homem durante a sua existência movimenta-se no tempo e no espaço. O sábado é um precioso presente dado por Deus ao homem, cuja revelação coube ao Profeta Moisés.
Um ato iníquo só pode ser redimido através de uma boa ação  que a ele se oponha. As palavras de arrependimento e perdão são insuficientes. Não apagam o pecado. Fica grudada na sua personalidade e repercute no seu comportamento posterior. Apenas atos misericordiosos podem limpar e restaurar a pureza da mente. O Tabernáculo destinava-se a compensar e redimir estes fatos.
O povo contribuiu para o mal no bezerro de ouro e para o bem na construção do Tabernáculo. Deus não qualquer necessidade de que lhe construam um santuário. O povo é que solicitou o santuário para ter um local de culto.
O ser humano através da razão tenta encontrar a sua redenção; isto o conduz ao engano. Porque esta solução transcende ao seu poder.
O sacrifício não possui valor supra divino, é um mero mandamento, para revelar a graça de Deus, que não necessita dele.
Os mandamentos de Deus foram dados para refinar as criaturas. Os devem preocupar-se com os seus alimentos. A mente tem um tipo de tratamento, o corpo físico tem outras leis. Ao comer a carne dos animais o homem se assemelha a eles em tudo, nos processos biológicos de alimentação, digestão e eliminação de detritos e até na morte. A alimentação é um ato físico e moral. As leis sobre alimentos contribuem para forjar o caráter do homem de concepções materialistas.
A morte é um fim natural e inevitável que aguarda pacientemente a todos no final da sua caminhada existencial. Que transcende misteriosamente, fora deste corpo perecível.
As promessas indicam uma existência boa, saudável e segura neste mundo, mediante a guarda dos mandamentos, em um futuro próximo. O comportamento moral influi no sucesso nacional. Fundamentado na ocorrência do Dilúvio, Torre de Babel e Sodoma e Gomôrra. 21 Civilizações da antiguidade sucumbiram ofuscadas por falta de sociabilidade e espiritualidade. Israel foi passível da diáspora, mas a sua terra não foi habitada por outro povo de forma permanente; embora tenha sofrido todo o tipo de revés.
A tendência ao vício é o pecado.
A força para enfrentar o pecado é a santidade. O nazireu é como um rei, que governa a si próprio, termo significa coroa. O homem perfeito é aquele cuja consciência e espírito dominam os desejos do corpo. O caminho que o homem quer caminhar, nele será conduzido. Deus não interfere nos atos dos humanos; pelo livre arbítrio deposita na mão do homem todo o peso das suas decisões para o bem ou para o mal. O homem é capaz de agir com plena consciência, de forma contraditória à verdade por ele conhecida. Que o homem seja sempre mole como o junco e nunca duro como o carvalho.  Só com flexibilidade se consegue concretizar objetivos.
A nuvem se retirou de sobre o Tabernáculo do testemunho no dia 20, do 2º mês, do 2º ano. Resultou no algarismo 2 (o desdobramento para o positivo ou para o negativo, depende do procedimento do povo).
Os Levitas receberam 48 cidades, também um número coberto de simbologia e profundo significado.
Em hebraico a palavra escutar deriva da palavra equilíbrio.
O devoto tem por obrigação abençoar tudo o que usufrui do mundo. Abençoar o que se recebe é saber que não merecemos, mas ganhamos mesmo assim. Reconhecendo o valor e ficando contente por tudo que consegue ter. O sistema de bênçãos fortalece o sentimento de júbilo e gratidão, enveredando pelo caminho da construção da verdadeira felicidade.
Como uma forma para controlar o sentimento de egoísmo e muda a forma de relacionamento com os bens, foram definidos atos compulsórios como: o segundo dízimo, o dízimo dos pobres, revogação de dívidas e a caridade. Os proprietários de terras separavam 10 por cento da colheita, para comerem em Jerusalém, ou resgatarem o valor em moeda. Isto ocorria no primeiro, segundo, quarto e quinto anos de um ciclo de 7 anos, que formava o ano sabático. A colheita do terceiro e do sexto anos era destinada aos pobres. No fim de cada sete anos, as dividas eram perdoadas e emprestado o suficiente para o necessitado próximo.
Uma pessoa assassinada encontrada no campo, os anciãos e juízes medirão o espaço até as cidades ao redor; da cidade mais próxima tomarão uma bezerra de um ano que não fez frutos, num ribeiro forte, quebrarão a sua nuca, degolam e colocam as mãos na sua cabeça afirmando: “nossas mãos não derramaram este sangue e nossos olhos não o viram.”
O primogênito é o primeiro filho, aquele que outorga ao genitor a condição de paternidade. O homem torna-se pai, pelo mérito do seu primeiro filho, dando-lhe realização pessoal, educação e responsabilidade pela geração futura.
O povo Judeu fala todos os idiomas, mora em todos os lugares, ratificando a diáspora; ao tempo que é passível do antissemitismo; mas sobrevive e transcende.
A sepultura de Moisés foi ocultada para evitar que o povo criasse um mito em torno dos seus feitos e desenvolvesse a idolatria, romarias, visitações e outros movimentos. Atribuindo-lhe poderes sobre-humanos. Que em vida, com muita paciência e dedicação ensinava que as leis da Torá são a essência da vida que aloja o bem absoluto.
A Torá foi colocada na arca da aliança, exatamente para lembrar o povo da sua transgressão e da necessidade de revisão do seu proceder.
O judaísmo continua a existir, embora os desvios, mas não será esquecido pela descendência, por não ser uma criação humana. O povo se rebelou foi castigado de acordo com a profecia, mas retomará. Tudo o que acontece tem um sentido e uma finalidade.
“O que transcende a esta esfera e realidade é ainda um mistério; não adianta especular a respeito, tudo não passará de meras hipóteses impossíveis de testar. (EM).”



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