quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

CRISE DAS CRISES




CRISE DAS CRISES
Por ERNÍDIO MIGLIORINI
E-mail:ernidiomigliorini@gmail.com
A CRISE que atinge o mundo é  profunda, porque é a crise das crises. A sua dimensão está vinculada a vários  fenômenos e consegue abrangência em função da globalização. Não é nova; é diferente: é a combinação várias crises.  A causa fundamental da crise financeira é a lógica do capitalismo, que a despeito das suas intenções o objetivos, de buscar mais lucros para acumular capital, não consegue contornar problemas de toda a ordem derivados da sua imperfeição concepcional.
Uma crise com muitas facetas, a crise econômica, a alimentar, a ambiental, a energética, a urbana, a rural e a social vinculadas; de configuração mundial, afetando profunda e prolongadamente os Estados Unidos e a Europa.
É uma crise do sistema econômico capitalista, somada às muitas outras crises cíclicas do sistema capitalista onde há subprodução, subconsumo e crises financeiras; que afetando os países emergentes afeta outros países do mundo; combinando com vários tipos de crises proteladas e não reconhecidas tempestiva e adequadamente.
A crise alimentar, porque o capital financeiro buscou novos lugares de especulação, com alto e rápido rendimento. Esta crise alimentar é estrutural e conjuntural, afeta a agricultura,  pela introdução cada vez mais forte do capital na agricultura, ocasionando a concentração de terras, gerando monocultivos,  conseqüências ecológicas de destruição de ambiente e exclusão dos camponeses de suas terras.
O capital financeiro é mais proveitoso do que  produtivo, tem efeitos no emprego, crédito e em toda a economia.
As conseqüências sociais da crise financeira afetam os fundamentos da economia, resultando em  desemprego, custo de vida crescente, a exclusão dos mais pobres, a vulnerabilidade da classe média. É uma crise macroeconômica.
A crise alimentar tem dois aspectos; o cíclico e o estrutural. O aumento dos preços dos alimentos, a principal razão de natureza especulativa, a produção de agro combustíveis como o etanol de milho nos Estados Unidos;  o preço do trigo na Chicago Board (Bolsa de Chicago) aumentou para 100%, do milho 98% e do etanol, 80%. O capital especulativo migrou de outros setores para investir na produção de alimentos, por lucros rápidos e significativos. Muitas pessoas estão ficando abaixo da linha da pobreza.
No aspecto  estrutural:  a expansão da monocultura, a concentração da terra, agricultura familiar  destruída, a destruição ecológica, remoção de Florestas, solo e água contaminados por produtos químicos. Agricultores deixam suas terras e migram para as favelas, implementando a crise urbana.
A crise de energia com o esgotamento dos recursos naturais explorados; sinaliza que a humanidade vai ter que mudar as fontes de energia. O petróleo, urânio e gás são recursos  esgotáveis.
A produção de agro combustível é uma monocultura; que impõe a remoção de florestas e  para produzir consome muita água, fertilizantes ou pesticidas ocasionando poluição intensiva da água subterrânea e dos rios que desembocam no mar e agricultores e indígenas perdem terras, gerando conflitos sociais violentos.
Para fazer um diagnóstico desta situação crítica agravada e buscar soluções estruturais e conjunturais, algumas alternativas apontam para criação de um Conselho de Coordenação Econômica Global, abolição dos paraísos fiscais, do sigilo bancário, maiores requisitos de reservas bancárias, um controle mais rígido das agências de notação de crédito, a profunda reforma das instituições,  moedas regionais em vez de ter como referência única o dólar, reconstrução dos sistemas financeiro e monetário. A reforma deve ser dentro do capitalismo, um sistema historicamente esgotado.
Um novo modelo de desenvolvimento, a erradicação da desigualdade social e outras  alternativas, devem necessariamente passar pelo envolvimento do conjunto da sociedade organizada e dos movimentos sociais. Com uma cada vez maior integração dos países,  para encontrar alternativas equacionadoras de solução de interesse comum.
Esta crise não deve ser subestimada e nem desconhecido o seu contexto, causas e graves conseqüências de efeito quase irreparável. Ela  tem implicâncias  muito profundas e exige uma conscientização universal urgente. Nada e ninguém pode achar-se seguro e intocável; acabou a estabilidade para os arrogantes e pretensos senhores de si.
   
Não há como desconhecer a relatividade de tudo o que nos cerca; tornando-nos dependentes e protagonistas,  ao mesmo tempo (EM).”



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