quinta-feira, 6 de novembro de 2014

DOIS EFEITOS, DOIS IMPACTOS



DOIS EFEITOS, DOIS IMPACTOS
É perceptível e está cientificamente comprovado, que certos paradigmas e propósitos, geralmente apresentam duas facetas. Apresentam uma evolução, um desenvolvimento e um crescimento a priori, classificados como positivos; todavia, visto por outro ângulo, geram efeitos de impactação negativa.
A competição para prosperar e ter a marca de vencedor move forças internas, hipoteticamente positivas e também forças externas, com efeitos colaterais, nem sempre éticos, morais e construtivos. As mudanças inovadoras, na intenção de obtenção da eficácia pessoal e profissional estão afetando profundamente os valores, e as personalidades. Exercem uma pressão implacável sobre as pessoas. O padrão é vencer, afirmar-se, destacar-se e qualificar-se meritocráticamente; isto favorece certos traços de personalidade e reprimem outros.
Para construir a expressividade pessoal e profissional, com o objetivo de conquistar o máximo de apoio possível, ocorrem exageros de informação e até pseudo verdades. Isto interfere negativamente, gerando traços de personalidade indutores contumazes de práticas antiéticas.  A pessoa consegue mentir de forma convincente e quase não sente culpa. Nunca assumindo a responsabilidade por seu próprio comportamento.
É diferenciado ser flexível e impulsivo, sempre buscando novos estímulos e desafios, ousadamente, porque é necessário correr riscos, mas isto produz a idéia errônea de que não importa os meios, o relevante e atingir os fins.
Em nome de conquistas financeiras e econômicas, os laços sociais se enfraquecem e o comprometimento emocional perde conceito e sentido.
As avaliações de desempenho no trabalho, necessárias são, mas podem causar uma queda na autonomia e uma dependência cada vez maior de normas externas e em constante mudança, além de emulação entre colegas, com sentimentos mesquinhos de suplantação e vingança. E também impedem às pessoas de pensar de forma independente. Além do dano à sua auto-estima.
A afirmação de que qualquer pessoa pode “chegar lá” caso se esforce o suficiente. Isto coloca cada vez mais pressão nos ombros dos indivíduos. Quando a pessoa fracassa, gera sentimentos de humilhação, culpa e vergonha. A liberdade de escolher algo fora da narrativa de sucesso é limitada.
A meritocracia prega que o sucesso depende do esforço e do talento das pessoas,  a responsabilidade é toda da pessoa, parece que prometem liberdade. Junto com a idéia do individuo perfeito, a liberdade que acreditamos ter no Ocidente é a grande mentira dos dias atuais e de nossa época.
Precisamos ser bem-sucedidos, mas estamos perdendo normas e valores, uma mudança de ética e uma mudança de identidade. O sistema econômico atual está revelando a pior faceta.
Esta colateralidade destes padrões referenciais de sucesso econômico e profissional, repercutem no sistema psíquico das pessoas, gerando pressões, tensões e  até males de origens psicossomáticas; afetando o ambiente da harmonia social e da tranqüilidade pessoal.
“Num contexto de relatividade, cada fator é relevante e precisa ser adequadamente avaliado e conceitualizado. (EM).”




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