segunda-feira, 11 de março de 2013

PONTIFEX MÁXIMUS


PONTIFEX MAXIMUS
E-mail: ernidiomigliorini@gmail.com
A origem e sequenciamento do poder monárquico-absolutista dos papas configura-se na absoluta concentração de poder na pessoa do Papa.
No começo a Igreja era uma comunidade fraternal. Não havia ainda a figura do Papa. Quem comandava na Igreja, de fato, era o Imperador, na condição de Sumo Pontífice, o Pontifex Maximus e não o bispo de Roma ou de Constantinopla, as duas capitais do Império Romano. O imperador Constantino convocou o primeiro concílio ecumênico de Nicéia em 325, para decidir a questão da divindade de Cristo. No século VI o imperador Justiniano refez a união das duas partes do Império, a do Ocidente e a do Oriente reclamou para si o primado de direito. Pelo fato de em Roma estarem as sepulturas de Pedro e de Paulo, a Igreja romana e o bispo de Roma gozavam de especial prestígio, diante dos outros bispos, pois alegavam ter a "presidência no amor" e "exerciam o serviço de Pedro"  de "confirmar na fé".
O Papa Leão I (440-461), como notório  jurista e homem de Estado. Ele copiou a forma romana de poder que é o absolutismo e o autoritarismo do Imperador. Passou a interpretar em termos estritamente jurídicos os três textos do Novo Testamento atinentes a Pedro: Pedro como pedra sobre a qual se construiria a Igreja (Mt 16:18), Pedro, o confirmador da fé (Lc 22:32) e Pedro como Pastor que deve tomar conta das ovelhas (João 21:15). Predominou a leitura do direito romano absolutista. Consequentemente Leão I assumiu o título de Sumo Pontífice e de Papa em sentido próprio. Após, os demais Papas começaram a usar as insígnias e a indumentária imperial (a púrpura), a mitra, o trono dourado, o báculo, as estolas, o pálio, a cobertura de ombros (mozeta), a formação dos palácios com sua corte e a introdução de hábitos palacianos que perduram nos cardeais e nos bispos. Jesus era um operário pobre e sem aparato. Fica aparente que isto do papado está mais para palácio de Herodes do que para a gruta de Belém.
Para legitimar e garantir o poder absoluto do Papa forjou-se uma série de documentos Primeiro, uma pretensa carta do Papa Clemente (+96), sucessor de Pedro em Roma, dirigida a Tiago, irmão do Senhor, Nela se dizia que Pedro, antes de morrer, determinara que  Clemente seria o seu único e legítimo sucessor. Na época de Leão I segundo um documento, Constantino teria doado ao Papa de Roma todo Império Romano. Surgiram Documentos e cartas como se viessem dos primeiros séculos, e que reforçariam o primado jurídico do Papa de Roma, gerando o Código de Graciano, no século XIII, a base do direito canônico, reforçando o poder central de Roma.
Tudo isso foi revelado mais tarde, sem qualquer modificação no absolutismo dos Papas. Os ardis usados e forjados para gestar este poder contrário aos ideais de Jesus.
Gregório VII (+1085) em seu Dictatus Papae "a ditadura do Papa" se autoproclamou senhor absoluto da Igreja e do mundo; Inocêncio III (+1216) se anunciou como vigário-representante de Cristo, Inocêncio IV(+1254) se arvorou em representante de Deus. Pio IX em 1870, foi proclamado infalível em campo de doutrina e moral. Todos estes excessos nunca foram retratados e corrigidos pela Igreja hierárquica; continuam valendo para escândalo.
A renúncia do Papa Bento XVI, segundo o clero, tem aspectos relacionados com inquisição, corrupção, obsoletismo, pedofilia tolerada e acobertada (escola para surdos em Milwaukee, mais de 200 garotos surdos, foram abusados, fato acobertado; abuso de vinte seminaristas, duas esposas e abuso de quatro de seus próprios filhos, acobertado por dez anos.) 42 anos mais sórdidos do catolicismo, desde os Borgias. Tudo está a indicar que o Papa renunciante está pondo-se a salvo diante deste quadro tão obscuro, deixando as soluções para o seu sucessor. A instituição católica, com 1.800 anos está enferma.
“Os projetos humanos carecem de poder para a sua consolidação, porque não trazem no seu bojo a verdade absoluta. (EM).”


Nenhum comentário:

Postar um comentário