CRATERA DO METEORO VARGEÃO, SC
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A Cratera de
Vargeão é uma região que se formou através do impacto de um meteorito no
município de Vargeão, estado de Santa Catarina, Brasil. A região encontra-se
parcialmente erodida pelas intempéries naturais, tem aproximadamente 12 km de
diâmetro. A sua datação é estimada como no máximo 60 ou 50 milhões de anos. A
cidade de Vargeão situa-se numa altitude aproximada de 1.000 metros enquanto a
base da cratera situa-se numa altitude média de 800 metros em relação ao nível
do mar, havendo um desnível médio de 225 metros entre a base e as bordas da
cratera. Formações rochosas do arenito Botucatu, que deveriam estar a 700
metros de profundidade no solo, afloram na superfície.
O Município de Vargeão recebeu a visita de 30 cientistas entre
brasileiros e estrangeiros que estudam e trabalham com crateras tanto em outros
países como também de outros planetas. A excursão teve por objetivo visualizar
as espécies de rochas de origem basáltica encontradas na cratera que são comuns
na Lua, no planeta Marte e também em Vênus que são planetas totalmente cobertos
por esses tipos de rochas que também são encontradas em Vargeão.
O
organizador da excursão foi o Doutor Geólogo e Professor Titular da Unicamp
Álvaro Penteado Crosta, que esteve em Vargeão pela sétima vez. O grupo esteve
participando em um congresso internacional em Fóz do Iguaçu na sexta-feira e
após vieram conhecer a cratera em Vargeão. O grupo veio formado por geólogos,
astrônomos, universitários doutores e pós-doutores de 12 nacionalidades
diferentes do mundo todo.
Vargeão tem
um grande diferencial por ser o único no estado e por estar entre os quatro
locais que tiveram a queda de um meteorito com a existência de rochas
basálticas, locais de grande procura por cientistas para pesquisas em fator de
sua composição. Crateras meteóricas são muito raras na terra e em rocha
basáltica são mais raras ainda, são apenas quatro no mundo todo, sendo uma na
Índia e três aqui no Brasil. A vantagem nas nossas aqui, é que elas são
grandes, a da Índia é de apenas 1,5 quilômetros de diâmetro e é cheia de água.
Em Vargeão
destacam-se muitas pedras de origem basáltica de grande importância para os
estudos e areal. Os cientistas fazem estudos comparativos de analises entre a
geologia da terra e geologia planetária.
A UNICAMP
publicou um livro intitulado de Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil,
na sua 2ª edição. O primeiro capitulo do livro fala exclusivamente sobre o
“Astroblema, Domo de Vargeão”.
"Para
formar uma cratera de tamanho final com 12 quilômetros de diâmetro, precisa de
um meteorito de mais ou menos 600 metros de diâmetro no momento do impacto. A
velocidade no momento do impacto é mesma que meteoritos viajam pelo espaço, de
18 quilômetros por segundo, velocidade bem maior que o projétil de uma arma. Essas
rochas tem uma idade de 130 milhões de anos. Quem descobriu a estrutura geológica
de Vargeão, em 1979, foi Augusto Paiva Neto quando ele trabalhava com locação
de eixos de barragem aqui na região. Mas ele não sabia a origem, ele viu isso
numa imagem de satélite. A atração para os visitantes é conhecer
"brechas", que são rochas quebradas pelo impacto do meteorito. A
brecha é um tipo de rocha causada pela quebra da rocha que existia antes, o basalto.
O meteorito bate, explode e se destrói no impacto devido à energia do choque
ser muito grande. Ele bate, fragmenta, gera onda de calor e a onda de choque,
que é o deslocamento de ar que surge a cada explosão. Nesse caso, isso equivale
a centenas de milhares de bombas atômicas igual a de Hiroxima. A energia é
muito grande. Tanto o meteorito quanto a rocha do solo viram poeira com o
impacto e essa poeira vai para a atmosfera. Como a terra está rodando em seu
eixo, em dois ou três dias essa poeira cobriu a terra inteira e começa a
provocar efeito estufa, aquecimento, além de acontecimentos e mortes de
animais, mesmo distantes do impacto, também pelos gases, como vapor d'água e CO
2. Isso acaba provocando um evento de escala muito maior que a própria
explosão". Surge o Aquífero Guarani. Uma curiosidade pouco divulgada sobre
o chamado ‘areal' o nome popular pelo qual é conhecido o ponto central do
impacto do meteorito, o fundo da cratera, onde verte água. Essa formação que
tem exposta no centro da cratera é o arenito que, em baixo da bacia toda forma
o aquífero. Aqui o aquífero está na superfície, porque foi exposto, foi escavado
pelo impacto, porque ele estaria a mil metros de profundidade, que é mais ou
menos a espessura da rocha basáltica aqui. Se for escavado às margens da BR-282
a gente vai se encontrar esse arenito a mais ou menos 900 metros. E é preciso
notar que o solo atual já afundou mais que no momento do impacto, o solo
erodido, afundou mais de quilômetro porque expôs o arenito que estava a mais ou
menos 900 metros. Quando se escava aquilo ali, com o peso das rochas em volta,
faz o centro subir. É como olhar uma pedra cair n'água. Numa escala maior, num
impacto, acontece a mesma coisa com a crosta da terra, se escava em volta e o
centro sobe. Aqui, primeiro foi escavado até o arenito, pelo impacto, e depois
ele subiu até a superfície. Na hora e logo em seguida que se formou a cratera,
se houvesse água ela deve ter virado um lago, dentro se depositou sedimentos,
mas tudo isso já foi erodido, pois foi a muitos milhões de anos.
A cidade de Vargeão recebeu uma visita de estudos internacional na
última terça-feira, dia 18. Doutor em química do solo, o canadense Derek Peak
esteve no município acompanhado pelo agrônomo e doutor em agricultura,
Cristiano Dela Piccolla.
Guiados pela secretária de Cultura Mariana Gubert e pelo secretário de
Administração Giovani Luiz, os professores fizeram antes uma visita ao gabinete
do prefeito, apresentando o teor da visita a Vargeão.
Professores acompanhados do prefeito
e dos secretários municipais (Foto: Divulgação)
Os professores realizaram o passeio para conhecerem de perto o arenito
do solo onde houve o impacto do meteorito há milhares de anos, responsável pela
formação geográfica local. O interesse dos professores em visitar Vargeão se
deu porque a cratera é algo peculiar na região e é possível ver o arenito, que
é a rocha responsável pela formação do solo da área.
Derek é professor em uma universidade na principal região agrícola do
Canadá, que concentra 43% das terras aráveis do país norte-americano. As
regiões possuem certa similaridade, como o plantio direto – de soja e milho em
Vargeão, canola e trigo no Canadá.
O professor brasileiro complementa que “Derek veio à região para
conhecer os solos, os quais possuem grande quantidade de óxidos de ferro,
responsáveis pelo tom avermelhado, diferente do solo canadense”.
“É
gigantescamente difícil entender e dar funcionalidade e operacionalidade a todo
o processo que contempla o Planeta Terra, de estar em permanente transformação;
onde nada se cria nada se perde e tudo se transforma, automaticamente, com a
adaptação e readaptação instantânea E perfeita, sem solução de continuidade.
Como se fosse um cérebro com a sua providencial elasticidade.”
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