sexta-feira, 12 de abril de 2013

CORÉIA DO NORTE


CORÉIA DO NORTE
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1953  terminou a Guerra da Coréia com um armistício, um simples acordo de não agressão que equivale a uma interrupção das hostilidades.
Em 1950, a guerra opôs as duas Coréias entre si, sendo que a do Norte – comunista – contou com a ajuda do exército chinês, e a do Sul – capitalista –, com forças estadunidenses e de 26 outros países da ONU.
Os EUA se envolveram profundamente no conflito. Seus bombardeiros despejaram uma média diária de 800 toneladas de bombas e napalm, mais do que na guerra contra o Japão.
Foram destruídos quase todos os prédios públicos norte-coreanos e,  mortos cerca de 1.550.000 habitantes do país.
O horror que os bombardeios estadunidenses provocaram no povo foi cultivado nos anos subseqüentes pela imprensa e os políticos da Coréia do Norte.
Desde 1953, uma propaganda maciça estimula no povo o medo de uma nova agressão dos EUA, com os morticínios e destruições que causaram no passado.
Este sentimento é reforçado pela existência de bases na Coréia do Sul, onde a Casa Branca tem mantido entre 25 mil e 60 mil soldados, desde 1953. Prontos para atacar a vizinha Coréia do Norte, no entender do povo do país.
Outra linha-mestra da propaganda oficial tem sido acusar o imperialismo norte-americano e seus aliados sul-coreanos pelos principais males da região.
A fome, a falta de habitações, a crise de eletricidade, tudo seria conseqüência das manobras internacionais dos EUA contra o governo de Piongiang.
Em 1998 o presidente Kim Jong II resolveu tornar seu país a primeira “monarquia” comunista, garantindo sua sucessão para seu filho Kim Jong-un.
Para dobrar a resistência dos líderes partidários, ele buscou o apoio dos militares, que constituem uma classe extremamente poderosa na Coréia do Norte.
Ele o ganhou modificando a Constituição para reduzir os poderes do Partido Comunista em favor da Comissão de Defesa Nacional – onde os militares são maioria.
Essa situação, o chamado sistema songun, na qual uma junta militar de fato divide o governo com o presidente, se manteve até agora, com Kim Jong-un governando, a partir da morte do pai.
Nos últimos meses, anuncia-se uma grande quebra na colheita de cereais. A fome será inevitável, espalhando sofrimento e raiva por todo o país. Mesmo nos sistemas autoritários a revolta do povo ameaça a estabilidade do regime.
Além deste problema, Kim Jong-un está diante de outro mais grave: sérias tensões entre o exército e o partido. É difícil dizer de que lado ele está.
No ano passado, Kim Jong-un foi alvo de uma tentativa de assassinato, cuja autoria não foi esclarecida. É certo que o ditador está sob forte pressão.
Uma prova é a demissão do general Kim Yong Choi do importante Birô Geral de reconhecimento e a sua súbita e inesperada reabilitação.
Outra vem da íntima ligação de Kim Jong com seu tio, Jang Sung Taek, o vice- presidente e número 2 do regime.
Firme aliado da China e adepto das reformas econômicas de Pequim, Jang Sun Taek já declarou desejar sua aplicação na Coréia do Norte. Seria uma mudança total no sistema. Para poderosas forças no partido e/ou no exército, estas idéias representam verdadeiros sacrilégios.
Temem que o presidente também pretenda imitar as políticas chinesas. Por isso mesmo, ele estaria prestigiando tanto o seu tio.
Fragilizado pela fome que começa a crescer no país, Kim Jong-un tem de enfrentar as desconfianças e pressões desses grupos.
O caminho que ele parece ter escolhido foi desafiar os EUA, inimigo número 1 da Coréia do Norte.
Apresentando-se como o defensor do povo contra as tenebrosas maquinações e agressões dos EUA e seus fantoches sul-coreanos, o jovem presidente visa conquistar “hearts and minds” dos norte-coreanos.
Quando ele ameaça atacar, atingindo até o território dos EUA com seus mísseis, mostra-se como um verdadeiro herói, um Davi enfrentando o Golias ianque.
Essa postura tem também outro alvo: os militares e/ou os radicais do partido, de um lado satisfazendo sua belicosidade, do outro usando a pressão popular para forçá-los a aceitar a hegemonia de Kim Jong-un.
A guerra verbal do governo não foi desencadeada gratuitamente. Primeiro, anunciou testes com novos mísseis de longo alcance. Para o público interno, é uma medida defensiva contra um inimigo que mantem ameaçadoras bases militares em volta de suas fronteiras.
Os EUA não concordaram, consideraram uma atitude agressiva. Mobilizada por eles, a ONU decretou sanções punitivas contra a Coréia do Norte. Que respondeu fazendo um teste nuclear subterrâneo. Vieram novas sanções. E, a seguir, os EUA realizaram jogos de guerra com a Coréia do Sul, cujo tema era o bombardeio da Coréia do Norte, usando, inclusive, dois aviões B-2, com capacidade nuclear. O presidente norte-coreano aproveitou  para elevar o tom de suas ameaças e, consequentemente, sua imagem junto ao povo norte-coreano.
Como vai acabar isso, Kim Jong não pode,  calar a boca. Seu cargo ficaria em risco. Será necessário que os EUA atendam a alguma parte das reivindicações tradicionais da Coréia do Norte, que são:
1 - assinatura de um tratado de paz entre as duas Coréias, com troca de embaixadores e reconhecimento diplomático da Coréia do Norte pelos EUA. Isso implicaria na supressão de todas as sanções e na liberação total do acesso da Coréia do Norte ao mercado internacional;
2 - fechamento das bases estadunidenses na Coréia do Sul, tornadas desnecessárias depois de as duas Coréias fazerem as pazes.
3 - unificação dos dois países. A Coréia do Norte propôs então que a divisão desaparecesse, conservando cada lado seu regime. A idéia não foi adiante porque os EUA se opuseram e o governo de Seul  voltou atrás.
Há bons motivos para os comunistas serem favoráveis: sendo parte de um país unificado, a pobre Coréia do Norte se beneficiaria do apoio econômico da rica Coréia do Sul.
Segundo o secretário da Defesa, Chuck Hagel, a presença militar dos EUA não pode ser reduzida.
Ele disse: “a América não pode se dar ao luxo de retrair – temos muitos interesses globais em risco, inclusive nossa segurança, prosperidade e futuro”.
Depois de muitas ameaças de parte a parte, a Coréia do Norte poderá conseguir um novo armistício, com levantamento das sanções, mediante compromisso de não lidar mais com armas nucleares.
“A qualidade geme e clama pela sua sobrevivência. Quantos formados desinformados. (EM).”


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