MISTÉRIO
Conceito: É algo
secreto, escondido, de significado ou causa oculta; um fenômeno que ocorre e
não se tem conhecimento de quais as causas; algo que não se pode explicar. Do
grego, mystérion, coisa secreta, tem relação com a ação de calar a boca; o
verbo é mýein, fechar, se fechar, calar, mýstes, que se fecha, o que guarda
segredo, o iniciado.
Sinônimos: Secreto, oculto,
vago, confuso, enigmático, incompreensível, escondido, segredo, preservação, resguardado, velado, desconhecido, só
percebe-se os efeitos, impreciso.
Precedentes: Os
mistérios pagãos, os mistérios eleusinos, órficos ou dionisíacos constituíram-se
em uma significação tardia da palavra mistério que vem das escolas
neo-pitagóricas e neo-platônicas. Na origem, o termo mistério designa uma
práxis, uma ação, gestos e atos pelos quais uma ação divina se mostra e se
realiza no mundo para a salvação do homem que participa de tal mistério.
Neste contexto: De qualquer modo, pelo simples fato
de que um ato se cumpra, pelo simples fato de uma palavra ser dita, de um gesto
ser cumprido, o efeito se produz absolutamente, sem falta. O mistério litúrgico
é o mistério da operatividade, de uma eficácia radical. Uma ação absolutamente
eficaz sem relação com as condições que habitualmente garantem a eficácia de
uma ação humana.
Os Mistérios de Elêusis:
Eram ritos de iniciação ao culto das deusas
agrícolas Deméter e Perséfone, que se celebravam em Elêusis, localidade próxima
de Atenas. Eram considerados os de maior importância entre todos os que se
celebravam na antiguidade. Estes mitos e mistérios se transferiram ao Império
Romano e sinais dele podem ser notados em práticas iniciáticas modernas. Os
ritos e crenças eram guardados em segredo, só transmitidos a novos iniciados. Deméter
e sua filha, Perséfone, presidiam aos pequenos e aos grandes mistérios. Os
mistérios eleusinos celebravam o regresso de Perséfone, que era também o regresso das plantas e da
vida à terra, depois do inverno. As sementes que ela trazia significavam o
renascimento de toda a vida vegetal na primavera. Se o povo reverenciava em
Deméter a terra-mãe e a deusa da agricultura, os iniciados viam nela a luz
celeste, mãe das almas e a Inteligência Divina, mãe dos deuses cosmogônicos. Os
sacerdotes de Elêusis ensinaram a grande doutrina esotérica que lhes veio do
Egito. O ritual dos Mistérios de Elêusis encontrava expressão na lenda da deusa
Deméter e sua filha Perséfone, raptada por Hades (Plutão), rei do Mundo
Inferior, quando colhia flores com suas amigas, as Oceânides, no vale de Nisa.
Deméter, ao tomar conhecimento do rapto, ficou tão amargurada que deixou de
cuidar das plantações dos homens aos quais havia ensinado a agricultura. Os
homens morriam de fome, até que Zeus (Júpiter), que havia permitido a seu irmão
Hades raptar Perséfone, resolveu encontrar uma forma de reparar o mal cometido.
Decidiu, então, que Perséfone deveria voltar à Terra durante seis meses para
visitar sua mãe e outros seis meses passaria com Hades.
O mito simboliza o lançar sementes à terra e o
brotar de novas colheitas, uma espécie de morte e ressurreição. No seu sentido
íntimo, é a representação simbólica da história da alma, de sua descida na
matéria, de seus sofrimentos nas trevas do esquecimento e depois sua
re-ascensão e volta à vida divina.
O mito de
Elêusis ainda se encontra vivo hoje nas diversas escolas Iniciáticas que ainda
persistem: É a Doutrina da vida Universal, que se encerra no simbólico grão de
trigo de Elêusis, que deve morrer e ser sepultado nas entranhas da terra, para
que possa renascer como planta, à luz do dia, depois de abrir caminho através da
escuridão em que germina.
O que era o culto grego secreto, os Mistérios de
Elêusis, ninguém sabe ao certo os detalhes. Os Mistérios de Elêusis eram o mais
famoso ritual religioso secreto da Grécia antiga, realizado entre os séculos 6
a.C. e 4 d.C. Tudo o que ocorria nos Mistérios sempre foi cercado de segredo -
os participantes que revelassem algo podiam até ser condenados à morte. Os
Mistérios de Elêusis eram cerimônias de iniciação, com algum ritual pessoal a
ser executado pelo novo participante. O culto era complexo, desenvolvido em
vários dias.
A inspiração
para os Mistérios de Elêusis está num mito do poema Hino a Deméter, atribuído
ao poeta grego Homero. Em sua jornada, Deméter teria ido a Elêusis, cidade a 23
quilômetros de Atenas, onde se tornou amiga da família que governava o local,
que construiu para ela um templo, onde a deusa passou a morar. Quando Deméter,
afinal, recuperou a filha, as colheitas voltaram mas, como parte de um acordo
entre os deuses, Perséfone seria obrigada a ficar um terço de cada ano ao lado
do marido, Hades, sob a terra. Esse mito simbolizava os períodos da agricultura
grega.
Os quatro meses que Perséfone passava no reino
subterrâneo de Hades representavam o período improdutivo, logo após a colheita
e no ápice do verão; o retorno dela marcava o renascimento trazido pelas chuvas
de outono, que permitiam à semeadura da próxima safra. Não havia restrições
para quem quisesse participar dos rituais, que reuniam até 3 mil pessoas.
Qualquer um que falasse grego, incluindo mulheres e escravos, podia ir no
culto. A cerimônia entrou em declínio quando as cidades gregas estavam sob o
domínio do Império Romano e o imperador Constantino passou a promover o
Cristianismo, no início do século 4. As religiões pagãs foram proibidas e seus
templos destruídos. No ano 395, quando os romanos já tinham dificuldades de
conter as invasões bárbaras, povos germânicos destruíram Elêusis.
Ritual tinha
procissão, encenações e efeitos
especiais
1 - O culto era
em meados de setembro e a preparação incluía sacrifícios de animais e dias de
jejum para os candidatos a iniciados, os mystai. O dia da cerimônia começava
com uma procissão que partia de Atenas, ao amanhecer, com destino a Elêusis.
Com ramos de murta (um arbusto) nas mãos, os mystai caminhavam como se
seguissem os passos da deusa Deméter em busca da filha Perséfone. Sacerdotisas
carregavam objetos sagrados dentro de cestas sobre a cabeça.
2 - Ao cruzar o
rio Kephisos, os mystai assistiam a encenações em que uma mulher, ou um homem
em trajes femininos, representava Baubo, ser que simbolizava o divertimento.
Segundo a mitologia grega, Deméter, triste pela perda da filha, só teria
conseguido sorrir quando Baubo contou-lhe piadas e fez gestos maliciosos.
3 - Em um trecho
mais adiante da procissão, os mystai tomavam uma bebida supostamente
alucinógena feita para a cerimônia. Sob o efeito desse misterioso líquido, eles
carregavam uma estátua de Dioniso - deus grego da fertilidade, do vinho e da
embriaguez - e invocavam o nome dele. Ao passarem por um segundo curso d’água, o riacho Rheitoi, os mystai eram reconhecidos como iniciados após repetirem algumas
frases que descreviam todo o ritual dos Mistérios.
4 - Ao
anoitecer, a procissão chegava a Elêusis para uma cerimônia num templo chamado
Telesterion. A fase final e mais secreta do ritual. Era comandada por um
sacerdote, o Hierofante. A celebração misturava efeitos especiais, como luzes
misteriosas, com a exibição de falos - representações do símbolo da fecundidade
da natureza. E dramatização de cenas do Hino a Deméter.
“Não existe
causa sem efeito; não existe ação sem reação e não existe agora sem depois.
(EM).”
Nenhum comentário:
Postar um comentário