DOIS EFEITOS, DOIS IMPACTOS
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ernidiomigliorini@gmail.com
É perceptível e está
cientificamente comprovado, que certos paradigmas e propósitos, geralmente
apresentam duas facetas. Apresentam uma evolução, um desenvolvimento e um
crescimento a priori, classificados como positivos; todavia, visto por outro
ângulo, geram efeitos de impactação negativa.
A competição para
prosperar e ter a marca de vencedor move forças internas, hipoteticamente
positivas e também forças externas, com efeitos colaterais, nem sempre éticos,
morais e construtivos. As mudanças inovadoras, na intenção de obtenção da eficácia
pessoal e profissional estão afetando profundamente os valores, e as
personalidades. Exercem uma pressão implacável sobre as pessoas. O padrão
é vencer, afirmar-se, destacar-se e qualificar-se meritocráticamente; isto
favorece certos traços de personalidade e reprimem outros.
Para construir a expressividade pessoal e profissional, com o objetivo
de conquistar o máximo de apoio possível, ocorrem exageros de informação e até
pseudo verdades. Isto interfere negativamente, gerando traços de personalidade
indutores contumazes de práticas antiéticas.
A pessoa consegue
mentir de forma convincente e quase não sente culpa. Nunca assumindo a
responsabilidade por seu próprio comportamento.
É diferenciado ser flexível e impulsivo, sempre buscando novos
estímulos e desafios, ousadamente, porque é necessário correr riscos, mas isto
produz a idéia errônea de que não importa os meios, o relevante e atingir os
fins.
Em nome de conquistas
financeiras e econômicas, os laços sociais se enfraquecem e o comprometimento
emocional perde conceito e sentido.
As avaliações de
desempenho no trabalho, necessárias são, mas podem causar uma queda na
autonomia e uma dependência cada vez maior de normas externas e em constante
mudança, além de emulação entre colegas, com sentimentos mesquinhos de suplantação
e vingança. E também impedem às pessoas de pensar de forma independente. Além do
dano à sua auto-estima.
A afirmação de que qualquer pessoa pode “chegar lá” caso se esforce
o suficiente. Isto coloca cada vez mais pressão nos ombros dos indivíduos.
Quando a pessoa fracassa, gera sentimentos de humilhação, culpa e vergonha. A liberdade
de escolher algo fora da narrativa de sucesso é limitada.
A meritocracia prega que o sucesso depende do esforço e do
talento das pessoas, a responsabilidade
é toda da pessoa, parece que prometem liberdade. Junto com a idéia do individuo
perfeito, a liberdade que acreditamos ter no Ocidente é a grande mentira dos
dias atuais e de nossa época.
Precisamos ser bem-sucedidos, mas estamos perdendo normas e
valores, uma mudança de ética e uma mudança de identidade. O sistema econômico
atual está revelando a pior faceta.
Esta colateralidade destes padrões referenciais de sucesso
econômico e profissional, repercutem no sistema psíquico das pessoas, gerando
pressões, tensões e até males de origens psicossomáticas; afetando o ambiente da harmonia social e da tranqüilidade pessoal.
“Num contexto de relatividade, cada fator é relevante e precisa ser
adequadamente avaliado e conceitualizado. (EM).”
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