quinta-feira, 18 de abril de 2019

PERIGO NA ÁGUA


PERIGO NA ÁGUA
E-mail: ernidiomigliorini@gmail.com
Dados do Ministério da Saúde revelam que a água do brasileiro está contaminada com substâncias que podem causar doenças graves. As informações são parte do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua).
A situação é extremamente preocupante e certamente configura riscos e impactos à saúde da população.
O perigo é que a combinação de substâncias multiplique ou até mesmo gere novos efeitos. Essas reações já foram demonstradas em testes. Mesmo que um agrotóxico não tenha efeito sobre a saúde humana, ele pode ter quando mistura com outra substância. Agrotóxicos na água.
As políticas públicas não monitoram a interação entre as substâncias porque os estudos que embasam essas políticas não apontam os riscos desse fenômeno. Os agentes químicos são avaliados isoladamente, em laboratório, e ignoram os efeitos das misturas que ocorrem na realidade.
O Ministério da Saúde afirma que a exposição aos agrotóxicos é considerada grave problema de saúde pública e lista efeitos nocivos que podem gerar: puberdade precoce, aleitamento alterado, diminuição da fertilidade feminina e na qualidade do sêmen, alergias, distúrbios gastrintestinais, respiratórios, endócrinos, neurológicos e neoplasias. Ressalta que ações de controle e prevenção só podem ser tomadas quando o resultado do teste ultrapassa o máximo permitido em lei. O Brasil não tem um limite fixado para regular a mistura de substâncias. No Brasil, há apenas limites individuais. Assim, somando todos os limites permitidos para cada um dos agrotóxicos monitorados, a mistura de substâncias na nossa água pode chegar a 1.353 microgramas por litro sem soar nenhum alarme. E os limites individuais seriam permissivos. A legislação está há mais de 10 anos sem revisão, é muito atraso do ponto de vista científico.
Um grupo de trabalho foi criado pelo Ministério da Saúde para rever os limites da contaminação. Depois de contaminada, são poucos os tratamentos disponíveis para tirar o agrotóxico da água. A água mineral vem de outras fontes, mas que são alimentadas pela água que corre na superfície, então eventualmente também serão contaminadas. O esforço deve ser na prevenção porque o sistema de tratamento convencional não é capaz de remover os agrotóxicos da água. O Ministério da Saúde diz que a vigilância sanitária dos municípios e dos estados deve dar o alerta aos prestadores de serviços de abastecimento de água para que tomem as providências de melhoria no tratamento da água.
Questionado sobre quais ações estão sendo tomadas, o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), que representa os produtores de agrotóxicos, fez uma defesa sobre a segurança dos pesticidas. Em nota, o grupo afirma que a avaliação feita pela ANVISA, Ibama e Ministério da Agricultura garante que eles são seguros ao trabalhador, população rural e ao meio ambiente “sempre que utilizados de acordo com as recomendações técnicas aprovadas e indicadas em suas embalagens”. No Brasil as empresas que produzem agrotóxicos não se envolvem com o monitoramento da água, que é custeado pelos cofres públicos e pelas empresas de abastecimento. Mais do que remediar a contaminação da água, é defendida a proibição do uso dos pesticidas que oferecem maior risco. Nos testes com a água do país, a controversa substância glifosato foi a que mais ultrapassou a margem de segurança. Antes de aprovar os registros dos agrotóxicos, as empresas fabricantes entregam estudos com testes feitos com animais em laboratórios.
“O preconceito tira a validade e o significado real do conceito de algo ou de alguém. (EM).”

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