A CRIANÇA E A MENTIRA
Por trás de
toda a atitude, sempre existe uma explicação, justificável ou não; mas com
certo grau de consciência, intencionalidade e significação.
A criança ao
empregar o recurso da mentira, no seu processo de comunicação, tem como
implemento vários motivos.
Etimologia do termo Criança: “Quem está ainda próximo do seu processo de iniciação biológica.”
1-RAÍZES DO PORQUE AS
CRIANÇAS MENTEM:
*Práticas
Paterno-Familiares: Havendo o hábito da mentira
no contexto familiar, as crianças tendem a imitar este procedimento dos adultos,
como recurso de solução mais fácil para resolver problemas, falseando a verdade.
*Conflito diante de
estados emocionais: A criança ao se deparar com
angústias, incertezas, indagações, quadros nebulosos e similares; na sua
inquietude, para evitar revelar-se, acaba utilizando-se da mentira.
*Sutileza Social: Com o intuito de não desagradar às pessoas, diante de
algo que recebe e não gosta; na avaliação da aparência de terceiros, exposição
de trabalhos, serviços prestados, imóveis, veículos em apreciação. A criança,
por uma lógica social, utiliza-se da mentira sutil.
*A habilidade de
entender as perspectivas dos outros: Por lógica
mental inerente, a criança entende as perspectivas dos outros; no que a outra
pessoa acredita e sabe de maneira estratégica adaptar a falta de verdade para
ser plausível. Não significando que ao mentir, que é um recurso que utiliza
para comunicar-se, esteja no pleno domínio do que está fazendo.
*Considerável grau de
inteligência, competências, habilidades e capacidade de observação precoce:
No afã de avançar e aplicar estes dons e talentos
visualizam facilidades resolutivas ao contar mentiras plausíveis.
*Noção de valores: A criança já adquiriu noções de valores sociais e sabe
exatamente a diferença da verdade e da mentira. Mente por temer repreensões e
castigos, para fugir das suas responsabilidades, chamar a atenção dos pais ou
melhorar a autoestima. Broncas severas, interrogatórios insistentes e pressão.
com gritos ou
castigos levam a criança mentir mais vezes para não receber novamente esse tipo
de punição.
*Por influencia de
colegas e amigos: O amigo, ou o colega mentem e
aí a criança passa a mentir também.
*Para evitar uma punição:
O castigo desagrada, se a criança fez algo que sabe
que é reprovável pelos pais ou responsáveis ela facilmente mentirá dizendo que
foi outra pessoa para não ser punida.
*Para ser aceita no seu
meio social: Crianças e adolescentes falam
mentira para serem aceitos por seus colegas.
*Por vários motivos:
As crianças mentem por medo, por hábito criado pela
prática constante, pela necessidade de chamar a atenção para si, para proteger
os amigos, impressionar os amigos, os professores, a necessidade de fortalecer
uma autoimagem pobre, uma maneira de levar vantagem em uma situação, evitar a
culpa, exercer domínio sobre os outros, testar os limites dos adultos, punir os
adultos.
2-DIAGNÓSTICO DA MENTIRA
INFANTIL:
*As
crianças começam a mentir, algumas antes dos 2 ou 3 anos. Ao chegar aos 4, a
maioria diz mentiras ocasionais e isso se desenvolve mais ou menos ao mesmo
tempo que outros sinais cognitivos.
*Existe
um período no qual mentir é normal, durante toda a existência de cada
indivíduo. No mínimo sete mentiras por dia. A maioria pequenas mentiras. O que
não é normal é mentir cronicamente e, quando chega aos 10 anos, a maioria das
crianças mente desse modo. As crianças bem novas mentem mais
indiscriminadamente, negando práticas, porque já sabem o que podem ou não
fazer.
*As
crianças inteligentes tendem a mentir mais cedo, contando mentiras plausíveis.
Porque a criança está começando a desenvolver suas habilidades cognitivas,
vitais para o crescimento futuro. A própria mentira é o resultado inicial de um
desenvolvimento.
*A
criança permeia Mentira com Fantasia. Fantasiar é brincar de faz de conta, e
isso é uma parte muito rica da existência imaginativa; as crianças aprendem
sobre o mundo e são incentivadas à criatividade.
*As
crianças de até cinco anos de idade não conseguem separar a fantasia do real. A
imaginação faz parte do desenvolvimento normal da criança e é base para o
pensamento lógico que o adulto tem. Com o passar dos anos, a fantasia dá lugar
à noção de realidade, sem desaparecer totalmente.
*A
mentira torna-se intencional a partir dos sete anos.
*A
criança deve sentir que ao contar a verdade terá a admiração dos pais,
professores e amigos e que a mentira logo será descoberta e desaprovada pelos
mesmos.
*A
mentira infantil, fora do enfoque de um procedimento reprovável, pode denotar a
demonstração da capacidade de planejar, inventar, arquitetar um pensamento.
*No
período da primeira infância, de 0 a 6 anos, a linha que separa a realidade da
fantasia é muito tênue.
*Mentir
a partir dos dois anos de idade sinaliza o desenvolvimento rápido do cérebro
e a propensão de uma existência bem sucedida, porque a criança manipula informações para a
sua vantagem. Essa capacidade está ligada ao desenvolvimento das regiões do
cérebro que permitem que as funções executivas aflorem o que fará dessa criança
um grande empreendedor no futuro. Não há ligação entre contar mentiras na
infância e se tornar um fraudador na existência adulta.
*As
crianças mentem de forma a esconder os seus rastros; se as crianças e jovens
dizem uma coisa, mas acabam fazendo outra estão mentindo. A observação do
comportamento ajuda a decifrar se suas intenções e atos são verdadeiros ou
falsos. De vez em quando ao checar os lugares que a criança diz estar, é uma
forma de verificar se ela fala a verdade ou se cria álibis; ou conversar com
amigos e parentes e ouvir as histórias que a criança conta. Observar a
expressão facial, se a criança se afasta do seu interlocutor enquanto fala,
sentindo-se desconfortável; virando o rosto ou o corpo, demonstra que está
escondendo algo. Se ela sorri, mas tem um olhar triste; se quando responde
murmura, está evitando dizer a verdade; se a criança foge do assunto, não
responde diretamente, está tentando evitar a verdade; se responde com a
pergunta, está tentando ganhar tempo para inventar uma resposta; se responde
com sarcasmo, com muito humor, está tentando esconder algo.
*No
caso dos mentirosos contumazes as reações fisionômicas ou posturais serão menos
perceptíveis, em função da prática reiterada; que se incorpora no indivíduo
como se isto é normal e legítimo. Pois, eles se sentem tão bem com as mentiras
que se tornam um ato natural para eles.
*As
maiorias das crianças durante a fase do seu desenvolvimento mentem. Todavia, no
processo de maturação, de acordo com as orientações recebidas de seus
familiares podem aprender que mentir não é a melhor solução; que a verdade é
benéfica sempre e quem diz a verdade não merece castigo. Assim as crianças
aprendem a enfrentar seus erros, a lutar por seus desejos sem precisar da
mentira como instrumento de manipulação para conseguirem o que desejam. Dessa
forma, a mentira passa por elas, e com o tempo desaparecem das suas existências.
Existem casos mais graves de crianças que desenvolvem a síndrome do mentir
patológico que é um transtorno de personalidade muito comum. O mentiroso
patológico irá mentir sobre qualquer coisa para se sentir mais feliz e tornar
sua vida mais interessante. Ele mente sobre o que comeu no almoço, sobre o que
aconteceu na escola, no clube, na rua, enfim, ele mente sobre tudo. Essas
crianças e jovens, não tem autoestima,
são narcisistas, sentem necessidade de mentir sobre o que são, sobre o que
fazem, pensam e desejam. Os pais devem observar se as mentiras nos filhos são
recorrentes e frequentes, o que seria um bom motivo para se preocupar, pois se a
mentira se sustenta após os dez anos de idade e se a criança mente sobre tudo e
todos deve ser encaminhada para um especialista na tentativa de evitar que se
forme um mentiroso patológico.
*As
crianças aprendem que a mentira é uma possibilidade real de se conseguir o que
se quer, quer seja escapar de uma tarefa, de uma viagem, ou ainda conseguir
impressionar uma garota e conquistá-la, ou os amigos mentindo sobre sua
situação econômica, alegando que viajou para lugares exóticos, para ganhar
respeito ou status. Pode ser ainda uma forma de se sentir no controle, evitar
ser incomodado com perguntas para proteger a sua privacidade, depende da faixa
etária, isso é mais comum com os adolescentes, que muitas vezes também dizem
meias verdades para tentar ganhar independência. Outros jovens recorrem à
mentira para driblar os adultos autoritários, por terem o desejo de
experimentar e descobrir coisas por si mesmos. As crianças são educadas para
serem ao mesmo tempo honestas e educadas. Só que, para serem educadas, precisam
às vezes esconder seus verdadeiros sentimentos e opiniões sobre os outros.
*As
crianças de 3 anos são sinceras ao criticar ou elogiar, independente de estarem
sozinhas ou em presença de alguém. As de 5 e 6 anos elogiam mais quando avaliam
alguém que está presente. Isso mostra que, com 5 e 6 de idade, as crianças já
têm a habilidade social de esconder suas opiniões para agradar o outro. Quanto mais idade, a criança mais mente. Até
os 10 anos, as crianças avaliam o certo e o errado conforme as regras dadas por
figuras de autoridade. A partir dos 10 anos e ao longo da adolescência; em vez
de se focar nas regras dadas por uma autoridade, a criança passa a levar mais
em consideração as intenções da outra pessoa, revelando a prática da empatia
relativamente consciente do seu conceito etimológico, semântico e vernacular.
*A
criança toma consciência de que está mentindo depois que percebe o quanto as
pessoas ficam chateadas quando descobrem a verdade. Frequentemente, as crianças
são obrigadas a mentir pelos seus próprios pais, quase de forma inconsciente
dão certas ordens e comandos que implicam em mentira, para acomodar situações
sociais.
*Quando
a criança mente, costuma acreditar em si mesma. Ela tece em torno do
comportamento uma fantasia que lhe seja aceitável. A fantasia torna-se um meio
de expressar as coisas que ela tem dificuldade em admitir como realidade. É
preciso levar a sério as fantasias da criança. Muitos não ouvem, não entendem
ou não aceitam a maneira como elas expressam seus sentimentos. Assim a criança
passa a não aceitar a si própria, e precisa recorrer á fantasia e subsequentemente
à mentira. É preciso conhecê-la, ouvi-la, entendê-la e aceitá-la. Os
sentimentos de criança são sua própria essência. Refletindo-lhe seus
sentimentos, ela também passará a conhecê-los e aceitá-los. Só então a mentira
pode ser vista realisticamente pelo que ela é: Um comportamento do qual a
criança faz uso para sua sobrevivência. As crianças constroem um mundo de
fantasia porque julgam seu mundo real difícil de viver. Tem uma porção de
fantasias de coisas que jamais aconteceram realmente. No entanto tais fantasias
são muito reais para essas crianças, e amiúde são mantidas dentro, fazendo com
que às vezes elas se comportem de maneiras inexplicáveis. Essas fantasias
reais-imaginadas com frequência despertam sentimentos de medo e ansiedade; elas
precisam ser trazidas a luz para serem lidas e terem fim. Muitos adultos ainda
vivem uma realidade imaginaria, de fantasia e mentira, forjam um mundo menos
difícil de viver. E tudo começou quando criança. Ela precisava falar e não
tinha quem ouvisse.
* A
mentira é um sinal de que a criança já percebe que pensa e sente coisas de que
ninguém tem conhecimento. Os pais precisam ficar atentos e ensinar o valor da
honestidade. À medida que as mentiras vão aparecendo, também surgem as chances
de se mostrar que faltar com a verdade tem consequências diversas.
3-MANEJO DA INCIDÊNCIA E
INTENSIDADE DA PRÁTICA DA MENTIRA PELA CRIANÇA:
*Os
pais devem falar com a criança sobre a importância de dizer a verdade e lidar
com esse comportamento mentiroso. É importante também explicar que algumas
vezes outras pessoas mentem, mas que isso não torna a mentira um comportamento
aceitável.
*Mesmo
que a criança ainda não saiba diferenciar a fantasia do real, desde pequena os
pais devem lhe mostrar o que é mentira e o que é fantasia.
*Se
a criança na fase pré-escolar traz um material estranho e diz que ganhou, deve
ser confirmado se a história é real. Se não, diga à criança que aquilo não é
seu e que não lhe foi dado, fazendo-a devolver. A criança inventou a história,
mas ainda não sabe distinguir o real da fantasia, mas a verdade precisa ser
mostrada.
*Deve-se
tomar cuidado para que a mentira não esteja presente em casa. Há muitas
mentiras que podem ser banidas. Como pedir para o filho falar que os pais não
estão, para não atender o telefonema ou
visitas, sendo que nem saiu de casa. Parecem inofensivas as pequenas mentiras,
mas é a partir delas que a criança começa a desenvolver a habilidade para
mentir. Vendo os seus pais mentindo na maior naturalidade, sem nenhuma punição.
E eles sempre que mentem são punidos.
*No
caso de repetição das mesmas mentiras, os cuidadores devem conversar com a
criança mostrando que ela errou repetidas
vezes. E estipular uma
punição para cada erro. Além de ressaltar a importância de assumir seus erros.
Os valores estão sendo implantados na criança, nesta fase, então devem ser reforçados,
destacando a importância da verdade.
*No caso de excessiva
quantidade de mentiras deve-se procurar uma ajuda profissional: pediatra,
psicólogo, professor ou pedagogo; tomando cuidado para não confundir fantasia
com mentira. Faz parte do desenvolvimento humano o fantasiar.
*O
exemplo é a melhor solução contra a mentira. As palavras movem, mas os exemplos
arrastam. Sendo o mais honesto, sincero, amigo, companheiro e verdadeiro com os
filhos e terá a confiança deles para serem o que realmente são e poderem falar
tudo sem medo de ter uma punição descabida ou um julgamento desnecessário.
*Repreender
a criança por algum comportamento ou fala, sem procurar entender o que ela está
querendo dizer, é desperdiçar uma chance de se aproximar da criança e ganhar a
confiança dela e de ensiná-la como agir.
*Ao
se deparar com uma mentira, verificar se a motivação da criança foi tentar
escapar de alguma responsabilidade ou se ocorreu pela falta da compreensão em
relação à situação. Ser claro ao definir regras. Ao reincidir na mentira, a
criança pode estar agindo dessa maneira por não entender a importância do que
foi pedido. Se os pais proíbem certos procedimentos e ela desobedece, verificar
se ela entende claramente os riscos que corre ao agir assim. A confiança na
família se estabelece quando uns escutam os outros e percebem que podem contar
com o apoio mútuo, mesmo quando erram. Descobrir a causa do comportamento da
criança, expor a ela as consequências da mentira e mostrar a verdade são
fundamentais para a sua formação. Na hora em que a falha é descoberta, o
importante é ouvir a criança e não criticar ou puni-la até que se entenda qual
a motivação dela. Ao se deparar com uma mentira, verificar se a motivação da
criança foi tentar escapar de alguma responsabilidade ou se ocorreu pela falta
da compreensão em relação à situação. Ser claro ao definir regras. Ao reincidir
na mentira, a criança pode estar agindo dessa maneira por não entender a
importância do que foi pedido. Se os pais proíbem certos procedimentos e ela
desobedece, verificar se ela entende claramente os riscos que corre ao agir
assim. A confiança na família se estabelece quando uns escutam os outros e
percebem que podem contar com o apoio mútuo, mesmo quando erram. Descobrir a
causa do comportamento da criança, expor a ela as consequências da mentira e mostrar
a verdade são fundamentais para a sua formação. Na hora em que a falha é
descoberta, o importante é ouvir a criança e não criticar ou puni-la até que se
entenda qual a motivação dela.
4-CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A MENTIRA:
*Os adultos mentem 40 vezes por dia em
média.
*A
mentira tem um aspecto cultural. Todo ser humano não falará a verdade sempre,
pois ser sincero demais pode gerar situações desagradáveis. São as mentiras,
culturalmente permitidas, mas são mentiras. As crianças são rigorosamente
sinceras, no que se refere ao fato de tecer alguma consideração sobre que lhes
é submetido à avaliação.
*Qualquer
pessoa mente, tem que se distinguir a mentira banal da mentira psicopática. O
psicopata utiliza a mentira como uma ferramenta de trabalho; está tão treinado
e habilitado a mentir que é difícil captar quando mente, olhando nos olhos e
com atitude completamente neutra e relaxada. O psicopata não mente
circunstancialmente ou esporadicamente para conseguir safar-se de alguma
situação. Ele sabe que está mentindo, não se importa, não tem vergonha ou
arrependimento, mente sem nenhuma justificativa ou motivo; o psicopata diz o
que convém e o que se espera para aquela circunstância. Ele pode mentir com a
palavra ou com o corpo, quando simula e teatraliza situações vantajosas para
ele, podendo fazer-se arrependido, ofendido, magoado, simulando tentativas de
suicídio, essa mentira não tem culpa. A personalidade do psicopata é
narcisística, quer ser admirado, quer ser o mais rico, mais bonito, melhor
vestido. Assim, ele tenta adaptar a realidade à sua imaginação, a seu
personagem do momento, de acordo com a circunstância e com a sua personalidade.
Esse indivíduo pode converter-se no personagem que sua imaginação cria como
adequada para atuar no meio com sucesso, propondo a todos a sensação de que
estão, de fato, em frente a um personagem verdadeiro.
*Ninguém
nasce sabendo mentir. Esse é um comportamento aprendido, que vem a partir da
convivência com outras pessoas, quando percebemos que o que falamos ou fazemos
tem consequências.
*A
Mentira Leve faz referência às mentiras que a maioria das pessoas conta para
melhorar o relacionamento social, para evitar conflitos e ofensas, socialmente
aceito, destinado a manter a harmonia dos relacionamentos. Como algo banal.
“Todos mentem;
não há quem não minta. Portanto, não há ser humano veraz. No império da mentira
vicejam muitos males. Mas, dia virá em que a Terra toda será habitada, somente,
por: justos, puros, verdadeiros, perfeitos e Santos humanos! (EM).”
Nenhum comentário:
Postar um comentário