NU ARTÍSTICO
E-mail:
ernidiomigliorini@gmail.com
Nu
artístico, é a exposição do corpo de uma pessoa nua em pintura, escultura,
performance, cine e fotografia. É uma das classificações acadêmicas das obras
de arte. A nudez na arte refletiu os padrões sociais para a estética e a
moralidade da época que a obra foi realizada. A nudez na arte mais tolerada do
que na vida real.
Por costume é associado ao erotismo. O nu tem diversas interpretações e
significados: mitológico, religioso,
anatômico e estético. Na Grécia Antiga isto era bastante acentuado. A arte é
uma representação do mundo, do ser humano e um reflexo da existência. O nu
esteve presente na arte, sobretudo nas épocas anteriores à invenção de
procedimentos técnicos, fotografia e cine, para captar imagens do natural. A
pintura e a escultura eram os principais meios para representar a existência.
Para os gregos o corpo era um motivo de orgulho; para os judeus e para o
cristianismo, era motivo de vergonha.
A
representação artística do corpo humano é constante em toda a história da arte.
O nu foi um tema recorrente na produção artística em todas as culturas que se
sucederam no mundo ao longo do tempo. Desde as formulações clássicas da Grécia
Antiga. O ideal de perfeição do corpo humano provém da Grécia clássica.
O arquiteto romano Vitrúvio, estabeleceu que as
proporções ideais em arquitetura se
baseiam na medida do corpo humano, que é um modelo perfeito, porque com braços
e pernas estendidos encaixa nas duas principais formas geométricas,
consideradas perfeitas, o círculo e o quadrado. Portanto, na antiguidade o nu
artístico tinha um forte sentido de perfeição estética e inspiração
arquitetônica.
O nu
renascentista foi base do estudo do corpo humano para o ensino acadêmico da
arte. Fundamentado na anatomia e concebido
sem qualquer conotação puramente sensualista. Puramente intelectual, que
confere um sentido de nobreza artística. Um componente indissolúvel do nu é o
erotismo.
No século
XXI o nu artístico é visto com naturalidade pela maioria. O nu artístico teve,
especialmente desde o Renascimento, um marcado sentido iconográfico. Dando-lhe
um significado relacionado à mitologia greco-romana e à religião. Com
esteticidade intrínseca do corpo humano. As fontes iconográficas para estas
representações encontram-se nos textos dos autores clássicos greco-romanos:
Homero, Tito Lívio, Ovídio. Com o tempo, foi forjado um corpus iconográfico que
recolhia os mitos, lendas, passagens sagrados e relatos históricos. O tema mais
recorrente na iconografia do nu é o nascimento de Vênus, que segundo conta a
lenda é a deusa do amor e nasceu dos genitais do deus Urano, cortados pelo seu
filho Cronos e depois arrojados ao mar. E o relato Bíblico: “Deus mandou cair
um sonho profundo sobre o homem e, enquanto este dormia, tomou uma das suas
costelas e então cerrou a carne sobre o seu lugar. E Deus fez uma mulher da
costela que tomara do homem”; “e ambos continuavam nus, o homem e a sua esposa,
e não se envergonhavam”. Esta é a justificação para a nudez de Adão e Eva, os
primeiros seres humanos, cuja nudez era natural, não manchada pelo pecado, e
assim viveram no Paraíso até a sua expulsão após o Pecado Original. Mais uma
justificativa para as esculturas do nu artístico.
Os autores
do nu artístico também valiam-se da alegoria, que é uma figura literária ou
tema artístico que visa a representar uma ideia valendo-se de formas humanas,
animais ou objetos cotidianos.
O Nu antiestético representa personagens feios ou repugnantes,
carentes de qualquer atrativo físico, com deformidades ou malformações,
malvados ou depravados, monstros ou seres fantásticos da mitologia, demônios,
bruxas e máscaras.
Na Grécia
Antiga houve o período clássico, com a beleza e o período helenístico, com o
horripilante, no nu artístico, caracterizando dicotomia.
Aspectos
técnicos: a representação do corpo humano. A representação da figura humana é
praticamente o único tema comum presente na arte em toda a história, geografia,
técnica ou estilo artístico. Tecnicamente, o estudo do corpo humano baseou-se
desde a arte clássica greco-romana num ideal de proporção e harmonia, embora
este ideal se represente de jeito aproximadamente realista segundo os diversos
estilos artísticos que se foram sucedendo. A proporção é a base de qualquer
representação humana. Esta proporção baseou-se ao longo do tempo em diferentes
normas ou cânones para a sua realização: no Antigo Egito, a medida básica era o
punho fechado e a largura da mão, donde se obtinha um módulo básico que se
reproduzia por quadrículas; assim, a cabeça formava três módulos, de ombros a
rodelas compreendia dez módulos, e de rodelas a pés, seis. Para os gregos, o
ideal era que a altura do indivíduo fosse o equivalente a sete vezes e meia do
tamanho da cabeça para adultos, e entre quatro e seis cabeças para crianças e adolescentes.
Outros estudos estabeleciam que a altura podia inscrever-se numa circunferência
com centro no púbis, divisível pela sua vez em outras duas, uma superior com
centro no esterno e outra inferior com centro na rótula. Outro fator importante
no estudo da figura humana é a anatomia, tanto óssea como muscular: o esqueleto
é formado por 233 ossos, que compõem um conjunto articulado que permitem a
grande variedade de posturas e movimentos dos quais é capaz o corpo humano.
Pela sua vez, os músculos são estruturas fibrosas que seguram os ossos e
permitem o movimento, em ações de contração e expansão que são perceptíveis na
complexão do corpo, e portanto de primordial importância para a sua
representação artística. Cada parte do corpo tem as suas particularidades
técnicas para desenhá-la: o tronco costuma ser realizado quadrangular, dividido
em três partes de tamanho similar à cabeça, uma do púbis ao umbigo, outra do
umbigo à linha inferior dos peitorais, e outra daí à cabeça. Para a sua
representação de costas se tem de levar em conta a forma da espinha dorsal.
Quanto ao torso, logicamente varia se é masculino ou feminino, sendo o primeiro
mais anguloso e abrupto e o segundo mais suave e arredondado. Enquanto a
braços, pernas, mãos e pés, é essencial o estudo do movimento articulado, assim
como o seu relevo anatômico, no que são mais evidentes as formas ósseas e
musculares. É preciso levar em conta que, sobretudo nos braços e nos ombros se
foca a força e o gesto da figura, e que o antebraço tem diversos movimentos:
pronação e supinação. As mãos são a parte mais articulada do corpo, e o seu
grande número de posições e gestos implica uma autêntica linguagem comunicativa
do corpo. Finalmente, a cabeça é uma parte essencial, pois o rosto é a parte
mais diferenciada de cada indivíduo, e a sua expressão facial indica múltiplos
sentimentos e estados de ânimo. Quanto à sua proporção, a cabeça é simétrica
vista de frente: o seu centro situa-se na glabela, com um tamanho de três vezes
e meia da altura da testa, em três módulos que correspondem um à testa, outro
das celhas à ponta do nariz e outro da ponta do nariz ao mento. Outros aspectos
a levar em conta na representação humana são o movimento e a postura: com o
movimento a anatomia sofre leves modificações das suas formas básicas, os
retângulos podem tornar-se losangos ou trapézios, as curvas ressaltam-se e as
dimensões reduzem-se. É preciso levar em conta os eixos transversais,
principalmente de ombros e cadeiras, geralmente contrapostos. Quando a figura
está em funcionamento, o movimento responde a dois fatores principais, o
equilíbrio e a tração, que devem ser compensados. O equilíbrio é essencial para
a correta colocação da figura na cena que o envolve, e para dotá-la de uma
sensação de realismo. O centro de gravidade situa-se na última vértebra dorsal.
O movimento baseia-se em dois eixos básicos: os horizontais (ombros, cintura e
cadeiras) e os verticais (tronco, abdômen, cabeça, pernas e braços).
A base do nu artístico é o desenho, a realização de
um rascunho ou um esboço sobre cuja base realizar-se-á a imagem final. No
desenho acadêmico, estes rascunhos chamam-se precisamente “academias”, e
costumam estar realizados fixando-se especialmente no modelado de luzes e
sombras.
Na arte paleolítica o nu estava fortemente vinculado
ao culto à fertilidade, coma representação do corpo humano feminino de formas
obesas.
No Egito a nudez era vista com naturalidade.
Denomina-se
arte clássica à desenvolvida nas antigas Grécia e Roma, contribuíram para a
história da arte um estilo baseado na natureza e no ser humano, onde
preponderava a harmonia e o equilíbrio, a racionalidade das formas e dos
volumes, e um sentido de imitação da natureza. A arte grega desenvolveu-se em
três períodos: arcaico, clássico e helenístico. Grécia foi o primeiro lugar
onde se representou o corpo humano de uma forma naturalista. Para os gregos, o
ideal de beleza era o corpo masculino nu, que simbolizava a juventude e a
virilidade. O nu grego era ao mesmo tempo naturalista e idealizado: naturalista
quanto à representação fidedigna das partes do corpo, mas idealizado quanto à
procura de umas proporções harmoniosas e equilibradas, recusando um tipo de
representação mais real que mostrasse as imperfeições do corpo ou as rugas da
idade.
O primeiro expoente do
nu masculino é constituído por um tipo de figuras que representam atletas,
deuses ou heróis mitológicos.
Arte da Roma Antiga recebeu uma grande
influência da arte grega. Graças à expansão do Império Romano, a arte clássica greco-romana
alcançou quase toda a Europa, norte da África e Próximo Oriente. A maior parte
de estátuas romanas são cópias de obras gregas, ou estão inspiradas nelas.
O nu
renascentista inspirou-se em modelos clássicos greco-romanos, com uma função
diferente da que tinha na antiguidade:
na Grécia o nu masculino exemplificava a figura do herói, na Itália
renascentista o nu tem um caráter mais estético, mais vinculado a uma nova
forma de entender o mundo, afastada de preceitos religiosos, o ser humano
novamente como centro do universo. Destacou-se o nu feminino. Existem casos de
representação da figura humana despida na pintura rupestre, reduzida a traços
esquemáticos, destacando-se os órgãos sexuais.
No século
XIX mais o nu feminino. O nu romântico é mais expressivo. No academicismo obras
de nu, de tema mitológico, com figuras de grande perfeição anatômica.
O simbolismo foi um estilo de traços fantásticos e
oníricos, com um erotismo sugestivo. Além da pintura e na escultura, o nu
também se desenvolveu em outras artes, da dança e o teatro meios e técnicas
como a fotografia, o cine, a televisão e a revista em quadrinhos. O nu
masculino na fotografia não foi tão habitual quanto o feminino. O nu no cine esteve
frequentemente ligado ao cine erótico e pornográfico. O nu é também um recurso
habitual nas artes cênicas como o teatro e a dança. As estátuas europeias gregas e romanas possuem
a peculiaridade anatômica de ter um órgão sexual diminuto. Por estar sendo representado em estado
flácido e se atribuía mais inteligência a quem possuía esta dimensão. As
esculturas gregas eram todas pensadas em termos simbólicos e cheias de
idealismos. Portanto, cada detalhe nas obras seguia os preceitos da época.
“O tempo
presente sucede o passado e o futuro sucede o tempo presente; o posterior conta
a história do anterior e, enquanto houver existência o elo que une os três não
será interrompido, mantida a corrente e manifestados os ciclos. (EM).”
Nenhum comentário:
Postar um comentário