NOMENCLATURA, TERMINOLOGIA E REDAÇÃO
JURÍDICA
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Uma petição bem construída e sem erros gramaticais é um fator importante
de persuasão. O seu autor pode ser mais convincente, se o seu estilo for mais
adequado, culto, objetivo e qualificado, segundo a análise dos juízes.
O Advogado deve preferir verbos mais
incisivos. Usar a forma verbal mais forte,
normalmente verbos simples, para um determinado contexto. Evitar a substantivação dos verbos. O
verbo exprime ação e, quando ele está substantivado, perde força. Os verbos são melhores que adjetivos e
advérbios, que devem ser evitados. Preferir o específico, em vez do geral; o concreto, em vez do abstrato. Palavras
específicas e concretas criam impressões sensoriais. Evitar frases sem substância. Ser direto. Identificar o autor se houver, e ser específico
sobre o que ele fez. Evitar o uso
exagerado de preposições, em sequências de frases. Isto confunde o
leitor.
Dividir uma sentença longa em sentenças menores. Elas podem criar a perda do controle da sintaxe e minimizar uma informação importante. Alternar o tamanho das sentenças e a formas de iniciá-las. É outra opção. Evitar as expressões: “claramente”, “obviamente” e “muito”. Palavras desse tipo denotam que o Advogado não tem uma boa sustentação para seu argumento.
Dividir uma sentença longa em sentenças menores. Elas podem criar a perda do controle da sintaxe e minimizar uma informação importante. Alternar o tamanho das sentenças e a formas de iniciá-las. É outra opção. Evitar as expressões: “claramente”, “obviamente” e “muito”. Palavras desse tipo denotam que o Advogado não tem uma boa sustentação para seu argumento.
A
redação Jurídica é um instrumento de trabalho dos operadores do direito: juízes,
promotores, advogados, servidores da Justiça.
A redação
técnica é uma comunicação objetiva, obedecendo a uma padronização que facilita
o trabalho e dá ao redator mais segurança de sua eficiência. Caracteriza-se
pelo texto em nível culto, gramaticalmente correto, claro, objetivo e com
vocabulário adequado à área de atuação. Escrever bem é uma técnica, que exige
conhecimentos de gramática e estilo e se desenvolve e aperfeiçoa com a prática
da redação.
Quando
se trata de textos jurídicos, é imposição legal que os fatos devem ser expostos
em juízo conforme a verdade. Expressão do pensamento com clareza, sem obscuridade;
de forma simples, com frases curtas e objetivas, de fácil compreensão para o
leitor.
A
apresentação gráfica do texto, com o tipo e o tamanho das letras, que facilitem
a leitura.
A
redação jurídica deve ser coerente, com
conexão ou nexo entre os fatos, as ideias e a lógica. Não se contradizendo: uma vez adotada
uma tese, ou escolhido um ponto de vista, cumpre desenvolver o raciocínio
pertinente até o fim, usando argumentos bem encadeados.
Escrever
de forma concisa, sendo objetivo, direto, não repetir ideias ou palavras, não
alongar o texto desnecessariamente.
Escrever
em linguagem correta, que observe as regras gramaticais básicas. E sempre Fazer
uma revisão para corrigir eventuais
imperfeições do texto.
A
precisão da linguagem jurídica envolve o uso adequado das expressões próprias
da lei. Com simplicidade, entre duas palavras, escolher sempre a mais simples;
entre duas palavras simples, escolher a mais curta.
Para
tudo isto é indispensável ter conhecimento e aplica-lo corretamente em cada
situação relatada. Para escrever bem, é necessário conhecer o assunto. O redator
precisa de versatilidade para substituir aquilo que ele ignora. A boa redação deve
ser elegante. Nos rigores da linguagem culta, sem exagero
de preciosismos, mas com ausência absoluta de vulgaridade popular, gíria,
rótulos e ofensas pessoais, agressões e pejorativos, preconceitos, referencias
a defeitos físicos; ater-se às expressões e nomenclaturas contidas na
legislação específica.
A redação técnica, embora contida, deve
ser criativa e ter boa apresentação gráfica do texto.
Não
se deve escrever no verso da folha, utilizá-la só de um lado. Construir as
orações na ordem direta, evitando preciosismo, neologismo e adjetivações
dispensáveis; Evitar o emprego de expressão ou palavra que confira duplo
sentido ao texto; Escolher termos que tenham o mesmo sentido e significado na
maior parte do território nacional, evitando o uso de expressões locais ou
regionais; Usar apenas siglas consagradas pelo uso; Indicar expressamente o
dispositivo objeto de remissão, em vez de usar as expressões ‘anterior’,
‘seguinte’ ou equivalentes; Restringir o conteúdo de cada parágrafo a um único
assunto ou princípio. Nunca se usa o pronome oblíquo depois do particípio. Não
se pode omitir os pontos essenciais, mas não se deve exceder em palavras e
conceitos desnecessários.
Técnica de redação forense:
1-Citação de Leis:
->No texto jurídico: petição,
memorial, sentença, a primeira referência deve indicar o número da lei, seguido
da data, sem abreviação do mês e ano;
Nas referências seguintes serão indicados
apenas o número e o ano;
->Os
artigos de lei são citados pela forma abreviada “art.”, seguido de algarismo arábico
e do símbolo do numeral ordinal (º) até o de número 9, inclusive; a partir do
10, usa-se só o algarismo arábico: art. 1º, art. 2º, art. 3º .... art. 9º; art.
10, art. 11, art. 20, art. 306,
art. 909...
->Os incisos são designados por algarismos romanos,
seguidos de hífen;
->O
texto de um artigo inicia-se por maiúscula e termina por ponto, salvo nos casos
em que contiver incisos, quando deverá terminar por dois pontos.
->Quando
um artigo tiver mais de um parágrafo, estes serão designados pelo símbolo §,
seguido do algarismo arábico correspondente; a grafia é por extenso, nas referências
a parágrafo único, parágrafo seguinte, parágrafo anterior e semelhantes.
->As
alíneas ou letras de um inciso ou parágrafo deverão ser grafadas com letra
minúscula, seguida de parêntese;
->As
datas devem ser escritas por extenso, o ano não tem ponto, mas o número da lei
tem;
2-Citação de Decretos:
A mesma técnica acima.
3-Emprego de Expressões Latinas:
Na
linguagem forense recomenda-se que tal prática se restrinja aos casos em que há
real necessidade do emprego dessas expressões.
Princípios
básicos: no latim os substantivos, os adjetivos e os pronomes têm declinação, a
sua terminação modifica-se conforme o caso.
->O nominativo indica o sujeito;
->O genitivo é o adjunto adnominal;
->O dativo é o objeto indireto;
->O acusativo é o objeto direto;
->O ablativo é o agente passivo:
complemento de tempo, lugar, modo, fim, causa, condição...;
->O
vocativo é invocação, apelo ou chamado.
As
citações em latim devem ser destacadas em itálico, em negrito, ou entre aspas.
Deve-se
escrever corretamente, casos de ablativo: aberratio ictus (erro, ou desvio do
golpe), aberratio personae (erro de pessoa), aberratio rei (erro da coisa). E
mais: a contrario sensu (pela razão contrária), actio empti, ou actio ex empto
(ação do comprador), ad corpus e ad mensuram (por corpo e por medida, ad causam
(para a causa), abusus non tollit usum (o abuso não tira o uso), animus (ânimo,
intenção, vontade)animus adiuvandi (intenção de ajudar), animus acquirendi ou
adquirendi (intenção de adquirir), animus occidendi (intenção de matar), ante
acta (antes dos atos, isto é, preliminarmente), ante tempus (antes do tempo,
igual a ante diem). Lato sensu (em sentido lato, sentido amplo), costume de
casado), mora ex persona, mora ex re (mora proveniente da pessoa, ou da coisa),
in dubio pro reo (na dúvida, a favor do réu), in concreto e in abstracto (em
concreto, em abstrato), in extenso (por extenso), in verbis (nestes termos), in
singulis (por cabeça, por cada um), in limine (liminarmente), clausula rebus
sic stantibus (permanecendo assim as coisas).
Nomenclatura:
->Beca:
veste talar, que consiste numa túnica preta, apertada com cinto, usada pelos
magistrados em geral, membros do Ministério Público e advogados, no exercício
de suas funções. Veste talar é a que desce até os calcanhares; a beca foi se
adaptando aos costumes modernos, até ficar reduzida a uma capinha preta,
colocada sobre os ombros, como fazem os ministros do Supremo Tribunal Federal. A
beca também é usada por professores universitários. A beca tem como sinônimo a toga. Vestimenta
formal, usada nas sessões e solenidades judiciais. Sala das Becas é o local
reservado, onde se guardam as becas, ou togas, para vesti-las nas sessões e
solenidades.
Expressões corretas de redação jurídica:
A
audiência não se realizou; Quando se perguntou ao réu; Tendo-se omitido o laudo.
De modo que; De maneira que; De forma que; De jeito que; De molde que; De sorte
que; Atender o: Pastas marrons; Paredes verde; Placas azul-escuras; Cartolinas
amarelo-canário; Vitrais vermelho-sangue; Tons azul-celeste; Radiações
infravermelhas; Entre mim e você; Nada mais há entre mim e ti; O advogado sentou-se
entre mim e o juiz; Um acordo entre mim
e os réus; O advogado fez um trabalho primoroso, entretanto não conseguiu
êxito. No caso dos verbos “ganhar”, “gastar” e “pagar”, a regra geral é: com os
verbos auxiliares “ser” e “estar” usar o particípio irregular: ganho, gasto,
pago. Expressões sempre no feminino: testemunha, vítima,; Os números devem ser
grafados por extenso. O Juiz defere o requerimento, a parte acata a decisão. O
depoimento da testemunha deve ser sempre registrado literalmente. Risco de
vida. O nome de vias e lugares públicos deve ser escrito com iniciais
maiúsculas. As partículas (artigos, preposições...) escrevem-se em minúsculas.
Quando tais denominações contiverem datas, usam-se algarismo arábicos e o mês
em maiúscula: Eventualmente, os números referentes a datas históricas de grande
expressão podem ser escritos por extenso. Só se usam algarismos romanos quando
se trata de títulos de reis e papas. Quando usado em datas comuns, o mês é
sempre escrito em minúscula. Não se
escreve 02, 03, 05... mas sempre 2, 3, 5. E o primeiro dia do mês é 1º de
janeiro, 1º de fevereiro e assim por diante (nunca 01 de janeiro, 01 de
fevereiro, nem 1 de janeiro, 1 de fevereiro). O ano não tem ponto, o número da
lei tem ponto. O uso das maiúsculas: Nomes de vias e lugares públicos/Nomes que
designam altos conceitos religiosos, políticos e sociais: Igreja, Nação,
Estado, Congresso Nacional/ Nomes que designam artes, ciências ou disciplinas/
Nomes que designam cargos, postos ou dignidades/Nomes de repartições, corporações,
agremiações/Nomes de fatos históricos importantes/Nomes de escolas, faculdades,
cursos/ Expressões de tratamento ou reverência/Nomes de leis, decretos,
legislação, normas/Nomes próprios, títulos de livros e obras/Nomes de regiões,
países, cidades. Uso de iniciais minúsculas: nas palavras átonas constantes do
interior do título/estações do ano, meses e dias da semana/nomes próprios que
se tornaram comuns/adjetivos pátrios e gentílicos, nomes de tribos indígenas. Uso
das siglas: Não usar “pontinhos”, só letras/usar todas as letras maiúsculas só
nas siglas que tenham até três letras. Com mais de três letras, só a inicial é
maiúscula/ se as siglas formadas por mais de três letras não puderem ser
pronunciadas como uma palavra, então devem ser grafadas em maiúsculas/Na
primeira citação, explicar o que a sigla significa, colocando-a no fim do nome
por extenso/Nomes de partidos políticos, bancos e empresas muito conhecidas
dispensam a explicação por extenso/Não inventar siglas, usar apenas as
consagradas pelo uso/Pode-se escrever CPC (Código de Processo Civil), CF
(Constituição Federal), CC (Código Civil), CP (Código Penal), CPP (Código de
Processo Penal)/ Pode-se usar o plural, com “s” minúsculo.
Evitar na redação jurídica:
Os modismos: Com
certeza, Por conta, É verdade sim, Não pode fazer não, outros repetitivos
irritantes; Ação movida por Fulano em face de Sicrano...; Em função de; Vontade
política; Tempo hábil; Não se deve falar nem escrever “vou estar mandando”,
“vou estar providenciando”, “vou estar esperando sua resposta”. e coisas
semelhantes. Há muito tempo atrás. Evitar as expressão inclusive, suplicante,
suplicado. Sendo que. O uso de abreviaturas.
Formato para os textos jurídicos: Medidas:
->Margem
esquerda: 4,5 cm;
->Margem direita: 2,5 cm;
->Margem
superior: 4,5 cm;
->Margem inferior: 4,0 cm;
->Cabeçalho
(timbre): 3,5 cm;
->Rodapé:
2,5 cm;
->Fonte
(tipo de letra): “times new roman” ou semelhante, tamanho 12 a 14;
->Espaçamento médio, simples
ou 1,5;
->Notas
de rodapé: só em casos excepcionais, com letra reduzida;
->Não
usar o verso da folha, apenas a frente;
->Escrever à mão, só com boa
caligrafia, quando o texto for muito curto e simples, com tinta escura e
indelével, azul ou preta, sem usar abreviaturas.
Pontuação gráfica na Redação Jurídica:
->A vírgula:
1)
Para separar Termos coordenados e orações coordenadas;
2)
Para separar Termos explicativos;
3)
Para separar Termos deslocados e orações adverbiais deslocadas;
4)
Para separar Os elementos de uma enumeração;
5) Para isolar O aposto;
6) Para separar O vocativo;
7) Para indicar inversão ou intercalação de
algum elemento da frase, fazendo-a sair da ordem direta;
8) Para indicar a supressão do verbo;
9) Para isolar termos pleonásticos ou
repetidos;
10) Para destacar as expressões explanatórias
ou corretivas;
11) Para separar, nas datas, o nome do lugar;
12) Para separar o nome, a rua e o número nos
endereços;
13) Usada Antes das conjunções adversativas;
14) Usada No caso das conjunções “e”, “ou”,
“nem”, pode-se usar a vírgula para dar ênfase, ou para marcar uma pausa na
oração: afinal;
15) Usada No caso de orações intercaladas;
A
vírgula é facultativa: no caso de posposição do sujeito ao verbo/quando há
intercalação ou inversão entre os termos da oração, com uma só palavra ou com
poucas palavras/quando há intercalação com vírgula optativa/deve-se evitar o
uso excessivo de vírgulas, para que o discurso não fique truncado.
->O ponto e vírgula: Para
separar:
1) Orações coordenadas, de certa
extensão, que já tiveram vírgulas Internas;
2) Os considerandos de uma lei;
3) Itens de uma enumeração.
->Os dois pontos: Usam-se:
1) Nas citações, enumerações e exemplificações;
2) Nos vocativos.
Síntese: Reconhecer que não
sabe como fazer; tentar muitas coisas; cometer muitos erros; e continuar até
desaparecer tudo o que é inútil. Menos
palavras, menos erros, melhor redação jurídica.
Saber
usar o latim, que é inseparável da terminologia jurídica. Utilizar palavras ou
frases latinas apenas quando tenham um conceito jurídico complexo e como forma
de destaque.
Manter
um glossário pessoal. Incluindo os termos diferentes que forem surgindo,
aumentando o cabedal de vocabulário.
Iniciar e concluir. O parágrafo mais
importante na escrita jurídica é o primeiro. E o segundo mais importante é o
último. O parágrafo inicial deve conter tudo o que for mais importante em
relação ao conteúdo sem, estender muito o seu tamanho. O parágrafo final deve
conter um resumo rápido e pontual dos argumentos. Deve ser propositalmente
repetitivo, de maneira simplificada e tamanho limitado.
Escrever
tudo começando do que, é efetivamente, o inicial. Estruturando o texto jurídico
para que os argumentos se configurem no final como válidos, lógicos, insofismáveis
e convincentes para o leitor.
Pontuar corretamente. A vírgula e um dos sinais de
pontuação mais importantes.
Destacar as partes mais importantes,
dando mais visibilidade imediata e impacto para o leitor. Redigindo de forma
especial aquilo que deseja destacar. É necessário que as partes a serem
destacadas sejam poucas e escritas
especialmente para serem destacadas, constituindo frases completas, com a
totalidade da ideia que se quer transmitir. Não destacar palavras isoladas. Usar
palavras chamativas, para que o leitor pare, leia e pense. Destacar não usando
letras maiúsculas na frase toda, nem pontos de exclamação ou de interrogação. Separar
o trecho a ser destacado como um parágrafo e colocá-lo em negrito, aumentar, levemente,
o tamanho da fonte para o trecho destacado.
Abreviar ao máximo as referências no
corpo do texto; colocando-as nas notas de rodapé.
Escrever
de forma afirmativa. A escrita jurídica eficaz, para sensibilizar o leitor tem
que ser afirmativamente coerente com os argumentos propostos. Ir direto ao objetivo.
Não
fazer um texto jurídico baseado em um só argumento. Se possível, abordar três
argumentos, no mínimo. Mas, um único argumento pode ser divido em vários. Aprofundar
os argumentos para além da legislação, mas sem deixar de referenciá-la.
“Um
dos mega enigmas: o que sucederá após o apogeu do conhecimento? O último
movimento astral no sentido anti-horário? O fim das épocas e eras, o eventual recomeço da contagem tempo? E a
morte do último ser humano?”
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