COLESTEROL
E-mail: ernidiomigliorini@gmail.com
Publico, sem
comentários, a matéria a seguir:
A AGONIA
DO COLESTEROL
Dr. Drauzio Varella - médico
cancerologista.
“Nunca me
convenci de que essa OBSESSÃO PARA ABAIXAR O COLESTEROL ÀS CUSTAS DE
REMÉDIO aumentasse a longevidade de pessoas saudáveis.
Essa crença - que
FEZ DAS ESTATINAS O MAIOR SUCESSO COMERCIAL da história da medicina -
tomou conta da cardiologia a partir de dois estudos observacionais: Seven
Cities e Framingham, iniciados nos anos 1950.
Considerados
tendenciosos por vários especialistas, o Seven Cities pretendeu demonstrar que
os ataques cardíacos estariam ligados ao consumo de gordura animal, enquanto o
Framingham concluiu que eles guardariam relação direta com o colesterol.
A partir dos anos
1980, o aparecimento das estatinas (drogas que reduzem os níveis de colesterol)
abafou as vozes discordantes, e A CLASSE MÉDICA FOI TOMADA POR UM FUROR
ANTICOLESTEROL QUE CONTAGIOU A POPULAÇÃO. Hoje, todos se preocupam com os
alimentos gordurosos e tratam com intimidade o "bom" (HDL) e o
"mau" colesterol (LDL).
As diretrizes
americanas publicadas em 2001 recomendavam manter o LDL abaixo de cem a
qualquer preço. Ainda que fosse preciso quadruplicar a dose de estatina ou
combiná-la com outras drogas, sem nenhuma evidência científica que justificasse
tal conduta.
Apenas nos
Estados Unidos, esse alvo absolutamente arbitrário fez o número de usuários de
estatinas saltar de 13 milhões para 36 milhões. Nenhum estudo posterior,
patrocinado ou não pela indústria, CONSEGUIU DEMONSTRAR que essa estratégia fez
cair a mortalidade por doença cardiovascular.
Cardiologistas
radicais foram mais longe: o LDL deveria ser mantido abaixo de 70, alvo
inacessível a mortais como você e eu. Seríamos tantos os candidatos ao
tratamento, que sairia mais barato acrescentar estatina ao suprimento de água
domiciliar, conforme sugeriu um eminente professor americano.
Pois bem. Depois
de CINCO ANOS DE ANÁLISES DOS ESTUDOS MAIS RECENTES, a American Heart
Association e a American College of Cardiology, entidades sem fins lucrativos,
mas que recebem auxílios generosos da indústria farmacêutica, atualizaram as
diretrizes de 2001.
Pasme, leitor
de inteligência mediana como eu. SEGUNDO ELAS, OS NÍVEIS DE COLESTEROL NÃO
INTERESSAM MAIS.
Portanto, se seu
LDL é alto não fique aflito para reduzi-lo: o risco de sofrer ataque cardíaco
ou derrame cerebral não será modificado.
Em português mais
claro, esqueça tudo o que foi dito nos últimos 30 anos.
A indústria não
sofrerá prejuízos, no entanto: as estatinas devem até ampliar sua participação
no mercado.
Agora serão
prescritas para a multidão daqueles com mais de 7,5% de chance de sofrer
ataque cardíaco ou derrame cerebral nos dez anos seguintes, risco
calculado a partir de uma fórmula nova que já recebe críticas dos
especialistas.
Se reduzir os
níveis de colesterol não confere proteção, por que insistir nas estatinas?
Porque elas têm
ações anti-inflamatórias e estabilizadoras das placas de aterosclerose, que
podem dificultar o desprendimento de coágulos capazes de obstruir artérias
menores.
O argumento é
consistente, mas qual o custo-benefício?
Recém-publicado
no "British Medical Journal", um artigo baseado nos mesmos estudos avaliados
pelas diretrizes mostrou que naqueles com menos de 20% de risco em dez anos AS
ESTATINAS NÃO REDUZEM O NÚMERO DE MORTES NEM DE EVENTOS MAIS GRAVES. Nesse
grupo seria necessário tratar 140 pessoas para evitar um caso de infarto
do miocárdio ou de derrame cerebral não fatais. Ou seja, 139 (EM 140
PESSOAS) TOMARÃO INUTILMENTE MEDICAMENTOS CAROS que em até 20% dos casos
podem provocar dores musculares, problemas gastrointestinais, distúrbios de
sono e de memória e disfunção erétil.
A indicação de
estatina no diabetes e para quem já sofreu ataque cardíaco, por enquanto,
resiste às críticas.
Se você, leitor
com boa saúde, toma remédio para o colesterol, converse com seu
médico, mas esteja certo de que ele conhece a literatura e leu com
espírito crítico as 32 páginas das novas diretrizes citadas nesta coluna.
Preste atenção:
MAIS DE 80% DOS ATAQUES CARDÍACOS OCORREM POR CONTA DO CIGARRO, VIDA
SEDENTÁRIA, OBESIDADE, PRESSÃO ALTA E DIABETES.
IMAGINAR SER
POSSÍVEL EVITÁ-LOS SENTADO NA POLTRONA, ÀS CUSTAS DE UMA PÍLULA PARA ABAIXAR O
COLESTEROL, É PENSAMENTO MÁGICO.”
“O autêntico só tem uma face. Aquilo que está no seu
interior é exatamente o que espelha no seu exterior. (EM).”
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